Morreu a actriz Cecília Guimarães, uma carreira de 70 anos no teatro, no cinema e na TV
Foi uma das actrizes pioneiras na televisão, interpretando várias peças de teatro televisivo. Pertenceu ao elenco da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, durante vários anos, a companhia residente no Teatro Nacional D. Maria II.
A actriz Cecília de Guimarães morreu esta terça-feira, aos 93 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da Casa do Artista, onde residia.
Intérprete de dramaturgos como Tennessee Williams, Shakespeare, Edward Albee, Valle-Inclán, Romeu Correia, Tchékhov, Lorca e Eduardo De Filippo, Cecília de Guimarães somou uma carreira de mais de 70 anos, que também passou pelo cinema e pela televisão.
Do trabalho constante no cinema, destacam-se filmes como Francisca e O Princípio da Incerteza, de Manoel de Oliveira, e, na televisão, desempenhos que iam do drama, como na adaptação de Harpa de Ervas, de Truman Capote, à comédia mais recente, como Milionários à Força, e à telenovela, como A Única Mulher.
Nascida em Lisboa, em de 28 de Maio de 1927, Cecília Guimarães fez o curso do Conservatório Nacional e estreou-se, em 1951, com A qualquer hora o diabo vem, de Pedro Bom, no Grupo de Teatro Experimental - Teatro da Rua da Fé. Estreou-se dois anos depois, como actriz profissional, na Companhia Alves da Cunha, com a peça Duas Causas, de Ramada Curto e pelo Teatro do Gerifalto.
No Teatro Experimental do Porto, dirigida por António Pedro, interpretou, na década de 1950, O Crime da Aldeia Velha, de Bernardo Santareno. Pertenceu depois ao elenco da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, a companhia residente no Teatro Nacional D. Maria II, com a qual somou 21 espectáculos, entre o início da década de 50 e 1974.
Trabalhou também, ainda na década de 1950, no Teatro d'Arte de Lisboa; fez 12 espectáculos como Teatro Experimental de Cascais, entre 1970 e 1986; sete com a Companhia de Teatro de Almada — onde o seu desempenho em Felicidade e Erva-doce, de Peter Schaeffer, em 1990, lhe valeu o Prémio Garrett —, e integrou ainda elencos do Teatro da Cornucópia, da Companhia de Teatro de Braga e dos Artistas Unidos, onde interpretou personagens de Terrorismo, dos irmãos Presniakov (2004), e A Paixão do Jardineiro, de Jean-Pierre Sarrazac (2010).
Na década de 50, Cecília Guimarães foi trabalhar para o escritório da Fábrica de Condutores Eléctricos Diogo d'Ávila, tendo sido convidada por António Lopes Ribeiro para participar no filme O Primo Basílio (1959), com o qual foi distinguida com o prémio para Melhor Actriz, pelo Secretariado Nacional de Informação (SNI).
No grande ecrã, participou em filmes como As Horas de Maria (António de Macedo, 1979), Francisca (Manoel de Oliveira, 1981), O Lugar do Morto (António-Pedro Vasconcelos, 1984), ou A Canção de Lisboa (Pedro Varela, 2016) e Olga Drummond (Diogo Infante, 2018), seu último papel, ao lado de Eunice Muñoz, Ruy de Carvalho e Lurdes Norberto.
Cecília Guimarães foi uma das actrizes pioneiras na televisão, interpretando várias peças de teatro televisivo. Participou depois também em telenovelas, telefilmes e várias séries, como A Mala de Cartão (1988), A Morgadinha dos Canaviais (1990), Cluedo (1995), Filhos do Vento (1997), Casa da Saudade (2000), Estação da Minha Vida (2001) e Hotel Cinco Estrelas (2013).