Não soubemos a tempo da variante do Reino Unido, como disse Costa?

António Costa afirmou que “se tivéssemos tido conhecimento atempado da existência da variante inglesa, seguramente o quadro das medidas que foram definidas para o Natal teria sido diferente”. Alerta britânico foi dado a 14 de Dezembro.

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O primeiro-ministro, António Costa MIGUEL A. LOPES/LUSA

O primeiro-ministro, António Costa, disse esta quarta-feira à noite no programa Circulatura do Quadrado, na TVI24, que se tivesse tido conhecimento atempado da variante do coronavírus SARS-CoV-2 detectada no Reino Unido, as medidas definidas para o Natal teriam sido diferentes. Mas, afinal, quando é que se teve mesmo conhecimento desta variante? E que informações se tinha então? O alerta para o mundo de que uma variante encontrada no Reino Unido teria características mais transmissíveis foi feito a 14 de Dezembro.

Durante a conversa, António Costa disse exactamente: “Olhando agora, se tivéssemos tido conhecimento atempado da existência da variante inglesa, seguramente o quadro das medidas que foram definidas para o Natal teria sido diferente. Seguramente, as restrições que entraram em vigor no princípio de Janeiro teriam entrado em vigor, provavelmente, logo no dia 26 de Dezembro.”

Na verdade, o alerta para o mundo de que uma variante encontrada no Reino Unido com características mais transmissíveis surgiu a 14 de Dezembro, o que é 12 dias antes de 26 de Dezembro: as autoridades do Reino Unido e da Irlanda do Norte reportaram nesse dia à Organização Mundial da Saúde (OMS) a identificação dessa linhagem, a B.1.1.7, refere a OMS no seu site.

Nesse mesmo dia, Matt Hancock, ministro da Saúde britânico, tinha anunciado no Parlamento a detecção no Reino Unido desta variante que as autoridades acreditavam que “poderá estar associada à disseminação mais rápida do vírus no Sul da Inglaterra”, afirmou. O ministro da Saúde britânico transmitiu esta informação depois de anunciar que Londres e partes do Sul de Inglaterra iriam entrar no nível mais severo de restrições por causa do aumento de casos das últimas semanas. E as suas declarações tiveram repercussão mediática um pouco por todo o lado. Depois de medidas anteriores não terem conseguido fazer baixar os casos de infecção, outros países europeus também nesse dia endureciam as restrições

Nessa altura, já análises iniciais indicavam que a variante do novo coronavírus se podia espalhar de forma mais rápida entre as pessoas do que outras variantes em circulação. Em relatórios preliminares do Reino Unido estimava-se que seria entre 40 a 70% mais transmissível. Num comunicado de 21 de Dezembro, a OMS recomendava que todos dos países precisavam de avaliar o seu nível de transmissão local e aplicar acções de prevenção e controlo apropriadas, incluindo a adaptação de medidas sociais e de saúde pública de acordo com as orientações da organização.

A 20 de Dezembro, o dia anterior ao comunicado da OMS, Portugal anunciou que, em voos vindos do Reino Unido, só entrariam no país cidadãos nacionais ou com autorização de residência, mas todos tinham de trazer um comprovativo de “teste laboratorial” com resultado negativo para o vírus SARS-CoV-2. Nessa semana, mais de 40 países cancelavam as chegadas de voos britânicos e o Governo francês barrou a passagem de camiões com mercadorias

Anunciou-se a 27 de Dezembro que a variante já tinha sido detectada na Madeira e a 3 de Janeiro em Portugal continental.

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