Amadora-Sintra transfere mais 32 doentes e uma enfermaria inteira para o Hospital da Luz

Enfermeiro director garantiu que doentes nunca estiveram em risco e que foram usadas botijas móveis de oxigénio. Tanque de oxigénio tem reserva de segurança para seis dias, disse.

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Nuno Ferreira Santos

O hospital Amadora-Sintra prepara-se para transferir uma enfermaria inteira para o Hospital da Luz, em Lisboa. Vão ser transferidos para esta unidade de saúde privada 19 doentes e duas dezenas de profissionais do hospital, adiantou o enfermeiro director do Amadora-Sintra, Rui Santos. Uma “deslocalização” e uma “parceria” que é inédita, fez questão de frisar em conferência de imprensa. Para o Hospital da Luz vão três médicos, 20 enfermeiros e 10 assistentes operacionais do Amadora-Sintra, disse entretanto ao PÚBLICO uma fonte da unidade do Serviço Nacional de Saúde.

Além destes 19 doentes, acrescentou o enfermeiro director, o Amadora-Sintra vai transferir mais 13 nesta quarta-feira à tarde, nove para o Hospital das Forças Armadas de Lisboa e quatro para o hospital de campanha do Algarve, em Portimão. São, portanto, mais 32 doentes, no total.

Rui Santos precisou ainda que a falha na rede de abastecimento de oxigénio, registada na terça-feira, obrigou à transferência nessa noite de 43 doentes (e não 48 como inicialmente tinha sido anunciado) para outras unidades de saúde da região de Lisboa, de forma a “garantir a diminuição do número de internados a necessitar de oxigénio em alto débito [pressão]”. Deste total, 38 pacientes têm covid-19 e cinco sofrem de outras patologias, especificou, asseverando que nenhum esteve em risco de vida, porque foram usadas botijas móveis de oxigénio. Entretanto, garantiu, não houve “mais oscilação” na rede de abastecimento.

Tendo em conta o actual número de doentes internados com covid-19 no hospital — 331, nesta quarta-feira de manhã –, o tanque de oxigénio tem uma reserva de segurança para “cerca de seis dias”, disse ainda.

Numa nota divulgada nesta quarta-feira, em que corrige o número de doentes transferidos, o Amadora-Sintra explica que está a monitorizar permanentemente o fluxo da rede de oxigénio medicinal e assegura de novo que nunca esteve em causa “a disponibilidade de oxigénio ou o colapso da rede”, frisando que os constrangimentos se prenderam com “a dificuldade existente em manter a pressão”.

“De igual modo, em momento algum os doentes internados estiveram em perigo devido a esta ocorrência, tendo as flutuações da rede sido colmatadas com recurso a garrafas de oxigénio, envolvendo a mobilização de vários profissionais”, acrescenta.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) já admitiu que o problema na rede de oxigénio do Amadora-Sintra ainda não está totalmente resolvido e adiantou que o hospital só deverá poder receber doentes no final da semana.

Em declarações à TSF, o presidente da ARSLVT, Luís Pisco, explicou nesta quarta-feira que os problemas na rede de oxigénio medicinal estão relacionados com “um excesso de consumo face àquilo que era a capacidade do sistema”. “É um pouco como a água, que se tiver muitas pessoas a usar ao mesmo tempo perde pressão”, explicou o responsável, acrescentando que o hospital teve de retirar alguns doentes “para que os utilizadores voltassem a ser cerca de 270”, normalizando o débito de oxigénio. “Até final da semana estarão a ser feitas algumas alterações para permitir um alívio na situação e que possa voltar a ter mais doentes”, disse.​

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