Pobre país em que o liberalismo é uma ideia de nicho
Não só o liberalismo não é uma ideia de nicho como, pelo contrário, é o principal fundamento da nossa cultura política.
Há elogios a Tiago Mayan que são tão justos quanto deprimentes. Justos, quando dizem que, nos debates das presidenciais, teve um desempenho melhor do que o que seria de esperar de um ilustre desconhecido da vida política. Deprimentes, quando são louvores à “novidade”, à “diferença” ou à “coragem” de defender o liberalismo. Não que o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal tenha alguma culpa nisso. Mas esses elogios, consciente ou inconscientemente, partem sempre do pressuposto de que o liberalismo é uma excentricidade intragável para a maioria das pessoas. Mesmo que sejam bem-intencionados, só me lembram a velha tradição portuguesa de olhar para os liberais como se fossem inimigos da pátria ou aberrações de feira, que convém que vivam confinados em partidos ou facções de nicho. Até Marcelo Rebelo de Sousa sentiu tanta urgência em demarcar-se da “direita liberal” de Mayan quanto da “direita securitária” (belo eufemismo) de Ventura, recorrendo em ambos os casos àquela platitude vã da “direita social”. Não é fácil ser liberal em Portugal.
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