Igreja Católica suspende casamentos e baptismos, mas missas continuam com presença de fiéis

A catequese continuará em regime presencial, mas só “onde for possível observar as exigências sanitárias”, segundo comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa.

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Durante o último confinamento geral, muitas missas foram transferidas para pavilhões de forma a permitir o distanciamento social Paulo Pimenta (arquivo)

Consciente da “gravíssima situação de pandemia”, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) esclareceu esta quinta-feira em comunicado que as celebrações litúrgicas, nomeadamente as missas e os funerais, continuarão a celebrar-se com a presença de fiéis, cumprindo as orientações da Direcção-Geral da Saúde do passado dia 8 de Maio, nomeadamente a higienização das mãos à entrada, o uso obrigatório da máscara e a manutenção de uma distância mínima de quatro metros quadrados entre os participantes. Porém, os baptismos, os crismas e os casamentos “devem ser suspensos ou adiados para momento mais oportuno, quando a situação sanitária o permitir”.

Na véspera de o país voltar a entrar em confinamento geral, e numa altura em que os novos contágios diários se mantêm acima dos 10 mil, “a catequese continuará em regime presencial onde for possível observar as exigências sanitárias”. Caso contrário, “pode ser por via digital ou cancelada”.

São medidas, lê-se no mesmo comunicado, que exprimem “o compromisso solidário com os esforços de todos os que procuram minimizar os sofrimentos, gerando uma nova esperança que, para além das vacinas, dê sentido e cuide a vida em todas as suas dimensões”.

Neste sentido, e tal como aconteceu quando, no dia 8 de Maio, as igrejas voltaram a abrir-se aos fiéis durante a celebração da missa, poderá ser necessário que as diferentes paróquias adoptem medidas que assegurem o descongestionamento das igrejas, nomeadamente a realização de reservas e numeração dos lugares, bem como a realização de celebrações na ausência do presbítero e com distribuição da comunhão. Quanto às pias de água benta junto às entradas da igreja, continuarão vazias. 

Sublinhando que “os gastos com o processo de higienização têm sido elevados, criando dificuldades às debilitadas economias das paróquias”, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, já pediu aos católicos que sejam “exímios cumpridores” das medidas tomadas pelo Governo para que as igrejas continuem a ser “lugares seguros”. Numa nota pastoral conhecida esta quinta-feira, o arcebispo alerta assim para o risco de haver eventuais “sinais de desleixo” motivados pelo cansaço. E, enfatizando o facto de os fiéis poderem continuar a assistir presencialmente à missa, o arcebispo explica que o adiamento ou suspensão de casamentos e baptizados se justificam “não pela celebração em si mas por aquilo que provocam”, isto é, mesmo reduzidos na sua afluência, aqueles eventos tendem a reunir pessoas que, mesmo que sejam da mesma família, “procedem de ambientes diferentes”, podendo assim “tornar-se portadores do vírus” e provocar “contágios que devem ser evitados”. 

Surto de covid-19 infecta 18 religiosas e 15 utentes

O diploma que renova o estado de emergência até ao dia 30 de Janeiro destaca que o confinamento não afecta “a liberdade de consciência e religião”. E, ao anunciar as medidas, o primeiro-ministro, António Costa, sustentou, a propósito das excepções ao dever de recolhimento domiciliário, que “as diferentes confissões já se organizaram” para que as celebrações “possam ocorrer de forma segura e sem perturbações”.

Estas notícias surgem numa altura em que a agência Ecclesia dá conta de uma surto de covid-19 em instituições das monjas e irmãs Concepcionistas, em Évora, que afectou 18 religiosas, 15 utentes, oito funcionários e um padre. No Mosteiro da Imaculada Conceição, em Campo Maior, há registo de 14 monjas infectadas com o novo coronavírus, das quais 13 “têm sintomas ligeiros ou estão assintomáticas”, segundo a Arquidiocese de Évora.

Já o surto no Lar Nossa Senhora do Paço, em Barbacena, infectou 15 utentes, oito funcionários e as quatro religiosas da Comunidade Santa Beatriz da Silva. Ainda segundo a Ecclesia, o capelão da instituição, o padre António Carlos, também se encontra infectado.

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