Quase 2,5 milhões vão continuar a circular para chegar às escolas

Directores defendem prioridade para os profissionais da educação na vacinação face à “responsabilidade” de serem um dos poucos sectores em funcionamento.

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PAULO PIMENTA

“Vamos manter a escola em funcionamento. Esta é a única, nova e relevante excepção” à ordem geral de confinamento decretada esta terça-feira. O anúncio feito pelo primeiro-ministro, António Costa, cumpre com aquele que, desde a semana passada, se sabia ser o desejo do Governo: manter as aulas presenciais em todos estabelecimentos de educação, das creches ao ensino superior. Também os ATL continuam em funcionamento. A “responsabilidade” exige medidas adicionais nas escolas, consideram os directores das escolas públicas.

decisão do Governo significa que cerca de 2,5 milhões de pessoas vão continuar a entrar diariamente nos estabelecimentos de educação – há dois milhões de alunos inscritos em todo o sistema de ensino, do pré-escolar ao ensino superior, aos quais se juntam também professores e funcionários. A esta equação é preciso adicionar também os pais. Há perto de 650 mil crianças com idades até aos dez anos (pré-escolar e 1.º ciclo), alunos com menos autonomia nas deslocações para os estabelecimentos de ensino.

Estes números não preocupam o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção. Com a ordem de confinamento geral para a generalidade de população, “o volume total de pessoas em circulação vai diminuir bastante”, avalia. Quem tiver que movimentar-se para as escolas, nomeadamente aqueles que usam os transportes públicos, “vão poder fazê-lo com maior segurança”.

Ascenção reconhece que o sistema de ensino vai estar “sob os holofotes” nas próximas semanas ao ser um dos poucos sectores em funcionamento, o que obrigará a “cuidados redobrados” e a uma “responsabilidade de todos os envolvidos” para evitar um aumento dos contágios em ambiente escolar que “obrigue a que se volte para trás”.

De qualquer das formas, a Confap está “satisfeita” com a decisão do Governo. A possibilidade de encerramento das escolas “dividiu a comunidade científica, mas uniu a comunidade educativa”, sublinhou António Costa na sua intervenção, no final do Conselho de Ministros. Tal como os encarregados de educação, também os directores das escolas públicas, os responsáveis do sector privado e os sindicatos se mostraram, nos últimos dias, favoráveis à continuação das aulas presenciais, num exemplo de raro consenso no sector.

Apesar de ter sido desejada pelos directores, a manutenção das escolas em funcionamento, num cenário de confinamento da generalidade da população, é uma “brutal responsabilidade”, defende o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira. A solução precisa, por isso, de ser “acompanhada de medidas para que os professores e funcionários se sintam mais seguros”, advogando que os profissionais educativos sejam vacinados “com urgência”. Também Filinto Lima, da Associação de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas quer os trabalhadores do sector “na linha da frente” quando a vacinação chegar aos serviços essenciais. Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e Sindicato Independente dos Professores (SIPE) pedem igualmente mais medidas para garantir a segurança dos profissionais da Educação, a começar pela vacinação prioritária.

António Costa deixa essa decisão para os especialistas. Para já, o primeiro-ministro só se compromete com uma campanha permanente de testes rápidos de antigénio nas escolas. “Sabemos desde o princípio que um dos factores que melhor nos tem permitido controlar a gestão da pandemia é termos adoptado uma política de testagem massiva. Gostaria de dizer que, relativamente às escolas, vamos acompanhar o funcionamento com uma campanha de testes de antigénio de forma a podermos detectar casos de eventuais contaminados”, anunciou.

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