Não ouçam demagogos, ouçam os especialistas

Se queremos ter mais orgulho em nós e na nossa sociedade temos de fazer um grande esforço para encontrar humildemente o nosso papel no bem comum.

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"Temos de ir da emoção à razão, e da razão à emoção novamente para nos segurarmos uns aos outros nestes tempos tão difíceis" Reuters/YARA NARDI

Sobre o confinamento:

  1. Quanto mais precoce, mais eficaz. Já devia ter sido há muito tempo. Países que fecharam mais cedo, abriram mais cedo (tal como aconteceu com Portugal na 1.ª vaga).
  2. Vai acontecer desta vez porque esta avalanche de doentes está a acontecer também na Grande Lisboa, perto dos decisores políticos, gente “famosa” e por aí fora vai ser mais susceptível. Porque se houvesse razão em vez de emoção nas decisões deveria ter acontecido em Outubro/Novembro, para ser mais curto e mais eficaz.
  3. É imperativo que se fechem as escolas, no mínimo as idades que não precisam dos pais a tomar conta em casa. As crianças/adolescentes/jovens são dos maiores propagadores do vírus de uma família para a outra.
  4. É péssimo estarmos em tempo de eleições em que reina a demagogia barata, dos que têm soluções milagrosas de salvar vidas, salvar o ensino, salvar a economia, falar dos “não-covid”, salvar “grupos de risco”, etc.. Salvam tudo, o que quer dizer que não salvam ninguém. Não ouçam demagogos, ouçam os especialistas.
  5. Isto é um desafio de probabilidades, a cada contacto que temos, sem distanciamento e sem máscara, estamos a potenciar a propagação da pandemia.
  6. Só há duas soluções preponderantes:
    a) Identificar os positivos pelos sintomas e por testes e isolá-lo juntamente com os seus contactos;
    b) Diminuir o contacto entre as pessoas enquanto os serviços de saúde estiverem em ruptura.

Todos estamos preocupados com as vidas que se perdem, com a economia e a crise social, com os terríveis impactos do ensino fora das escolas, e ainda com os efeitos que a falta de socialização tem na nossa felicidade e saúde mental.

Fechar mais cedo e fechar “totalmente” é mais eficaz e será mais curto. Temos de ir da emoção à razão, e da razão à emoção novamente para nos segurarmos uns aos outros nestes tempos tão difíceis.

Comecem já a tirar do ordenado das pessoas que, como eu, não estão a ser afectadas economicamente por esta crise para proteger financeiramente os que têm de limitar o seu negócio para salvar vidas.

Os números a analisar, na minha opinião devem ser os internamentos, porque o grande limitador é a pressão hospitalar que está a impedir o tratamento de doentes covid e não-covid. Quando os internamentos baixarem drasticamente, entendo que deveremos aos poucos regressar ao “normal”.

Repugno o nacionalismo por estar nos antípodas dos direitos humanos, mas tenho um enorme orgulho em ser Português. E se queremos ter mais orgulho em nós e na nossa sociedade temos de fazer um grande esforço para encontrar humildemente o nosso papel no bem comum.

Este é o maior desafio das nossas vidas. Abram os vossos corações.

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