Transmissão da covid-19 desacelera em Portugal. Índice está abaixo de 1 há mais de um mês
O número médio de contágios a que um infectado dá origem diminuiu a nível nacional e está abaixo de 1 desde 20 de Novembro. Mas há regiões onde o número de casos ainda está a aumentar ou a abrandar, como no Centro, Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo e nas regiões autónomas.
O índice de transmissão (Rt) da covid-19 em Portugal está abaixo de 1 há mais de um mês, desde 20 de Novembro, o que significa que a transmissão da doença está a desacelerar em território nacional. Por outro lado, o número de surtos continua elevado, em particulares nos lares de idosos. Há pelo menos 498 surtos activos neste momento.
Estas informações constam de uma nota enviada pelo Ministério da Administração Interna à comunicação social nesta terça-feira, que cita informações fornecidas pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, durante uma reunião de avaliação das medidas em vigor no âmbito da pandemia.
As mesmas conclusões figuram no último relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que tem feito uma análise semanal deste indicador. O valor médio do R(t) entre 9 e 13 de Dezembro foi de 0,98, o mesmo valor da semana anterior.
O R é um dos indicadores utilizados a nível internacional para perceber a capacidade de contágio de uma doença. Subdivide-se em R0 e Rt. O valor de R0 (lê-se zero) mede o número de contágios que acontecem quando a doença tem condições para se disseminar, sem qualquer medida de confinamento, e é calculado logo no início da epidemia. Já o valor de Rt (ou efectivo) é relevante nas fases posteriores da epidemia, depois de aplicadas as medidas para conter a propagação da doença e quando o número médio de contactos que um doente infeccioso começa a diminuir.
Na prática, se o Rt for igual a 1 quer dizer que uma pessoa infectada vai dar origem a outro caso de infecção. Caso esteja acima de 1, o número de casos irá aumentar; se for inferior a 1, haverá uma diminuição das infecções.
Apesar de descida nacional, este indicador já esteve mais baixo. No fim de Novembro, por exemplo, Portugal tinha um Rt de 0,9, valores só comparáveis ao início da pandemia. E ainda há regiões onde agora este indicador está acima de 1, o que significa que o número de casos ainda está a aumentar ou a abrandar: 0,92 é o valor do Rt na região Norte — o mais baixo do país — 1,04 no Centro, 1,02 na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), 1,14 no Alentejo, 0,99 no Algarve, 1,09 nos Açores e 1,03 na Madeira.
“Os resultados indicam uma tendência decrescente de novos casos ao nível nacional, na região Norte e Algarve. No entanto, para as regiões Centro, LVT, Alentejo e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, ainda se observa uma tendência crescente ou de estabilização no número de novos casos”, conclui o INSA.
Desde o início da epidemia de covid-19 em Portugal, a estimativa do R(t) variou entre 0,79 e 2,15, tendo-se observado uma tendência de decréscimo desde o dia 12 de Março (anúncio fecho das escolas), com quebras mais acentuadas em 16 de Março (fecho efectivo das escolas) e 18 de Março (anúncio do estado de emergência).
A partir de Julho o valor do R(t) volta a ficar abaixo de 1, situação que se manteve até ao início de Outubro. Desde o dia 5 desse mês que o valor do R(t) se mantém acima ou perto de 1, indicando uma tendência crescente de novos casos ao nível nacional. Mas depois de decretado o estado de calamidade, a meio de Outubro, observa-se uma trajectória decrescente desde indicador.
Para calcular o factor R(t) entram em consideração a duração do período que uma pessoa infectada está entre a população, o número de contactos que mantém, a probabilidade de transmissão após o contacto e a susceptibilidade à infecção.
Portugal registou mais 63 mortes por covid-19 e 2436 novas infecções por SARS-CoV-2, de acordo com o boletim da Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgado nesta terça-feira. O país regista, assim, desde o início da pandemia 6254 óbitos e 378.656 infecções.