Jorge Jesus: “Qualquer coisa que se possa dizer contra um negro é sinal de racismo”

Treinador do Benfica salvaguarda que desconhece o que foi dito no jogo da Champions. Sobre o embate em Liège, para a Liga Europa, promete mudanças no “onze”.

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LUSA/ANTONIO COTRIM

Jorge Jesus reconheceu, nesta quarta-feira, que o Benfica ainda está longe dos patamares de rendimento que pretende, deu algumas pistas sobre a equipa que vai alinhar na quinta-feira, na Bélgica, para a Liga Europa e deixou ainda um comentário sobre o incidente registado no jogo PSG-Basaksehir, que terminou com o abandono das equipas sob alegações de racismo. “Só posso ter uma opinião concreta se souber o que é que se disse”, vincou.

Na conferência de imprensa de lançamento do jogo com o Standard Liège, que encerra a fase de grupos da Liga Europa, o treinador do Benfica analisou o actual momento da equipa. “Claro que ainda não está a jogar o triplo [como tinha assinalado no discurso de apresentação]. Um ou outro jogo tem feito, mas na maioria não tem. Sabemos que está numa fase de crescimento e acredito plenamente que, com o desenrolar das competições, o Benfica vai ter cada vez mais conhecimento do que a equipa quer e vai ter um rendimento melhor do que teve”.

O número de golos sofridos é um dos factores de preocupação, como o técnico já tinha reconhecido recentemente e como foi corroborado nesta quarta-feira pelo central Jan Vertonghen. "É uma realidade. Estamos a sofrer demasiados golos. Trabalhamos muito, defendemos todos juntos, atacamos todos juntos. Fazemos uma pressão muito alta, pois temos uma natureza de jogo muito ofensiva, mas temos de ser mais sólidos na defesa, é verdade”, admitiu.

A carga de jogos neste início de temporada, com um calendário muito carregado, tem sido uma questão sensível, a obrigar a uma gestão mais alargada do plantel, e o encontro de quinta-feira, em Liège, deverá trazer algumas novidades. Até porque se o primeiro lugar do grupo D não depende só dos “encarnados”, a verdade é que o apuramento para os 16 avos-de-final da prova já está garantido.

Jorge Jesus garante que vai aproveitar a partida para “lançar alguns jogadores que nunca jogaram”, mas descarta que que Todibo seja um deles - "Começou a trabalhar há uma semana e não tem condições técnicas nem tácticas” - e assinala que a performance na Bélgica nada terá a ver com eventuais ajustes do plantel em Janeiro. “Todos os jogos nos dão sinais cada vez mais de confirmações ou não do ponto de vista colectivo e individual. Não há jogadores que estejam a fazer testes ou exames para definir o futuro”.

De resto, o treinador afirmou abertamente que não está a contar perder qualquer jogador no mercado de transferências de Inverno e que, pelo contrário, espera receber reforços. 

Uma última nota para a interrupção do jogo da Liga dos Campeões, no Parque dos Príncipes, depois de o treinador adjunto do Basaksehir ter confrontado o árbitro, acusando-o de o ter tratado com uma referência racista. “Hoje, está muito na moda isso do racismo. Como cidadão, só posso ter uma opinião concreta se souber o que é que se disse naquele momento. Depois, qualquer coisa que se possa dizer contra um negro é sempre sinal de racismo. Podes dizer a mesma coisa contra um branco e já não é sinal de racismo. Está-se a implantar essa onda no mundo e, se calhar, até houve [racismo] em relação às coisas que se disseram contra esse treinador, mas eu não sei”, atalhou.

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