“Viseu sabe bem” é uma nova colectânea de cadernos dedicados ao “património gastronómico” de Viseu e da Feira de São Mateus. São doze fascículos com textos e fotografias que foram apresentados durante o festival Tinto no Branco, este fim-de-semana, que uniu os livros à gastronomia e vinhos.
A colectânea resultou de uma encomenda do município ao antropólogo e historiador Alberto Correia, em 2019, ano em que a cidade se assumiu como “destino nacional de gastronomia”.
“É uma pequena/grande galeria dos emblemas de Viseu à mesa”, realçou o vereador Jorge Sobrado, responsável pelas pastas do Património e do Turismo, adiantando que é também um primeiro passo para a carta gastronómica do concelho, que deverá ser publicada nos próximos meses.
Com textos e fotografias originais de Alberto Correia e de José Alfredo, respectivamente, estes cadernos foram produzidos durante ano e meio, numa perspectiva histórica, etnográfica e cultural, e incluem também os receituários dos produtos culinários e de doçaria.
Segundo Jorge Sobrado, entre os emblemas gastronómicos estão a broa de Vildemoinhos, o pão de São Bento, os pastéis de feijão, as castanhas de ovos, os viriatos (pastéis doces criados nos anos 50 do século XX), o rancho à moda de Viseu, o pão de Santos Êvos e as filhós de mel de Várzea de Calde.
As enguias da Murtosa e as farturas da Feira de São Mateus, “que conquistaram um lugar simbólico e cultural no certame e que são hoje muito mais do que um produto estritamente agro-alimentar”, marcam também presença na colectânea, acrescentou o vereador, que é gestor da feira.
Na sua opinião, “esta publicação preenche uma lacuna importante na investigação, conhecimento e divulgação da gastronomia de Viseu, cidade e região que têm especiais pergaminhos históricos neste domínio”.
“Alberto Correia empreendeu uma nova consulta de fontes de informação e uma auscultação a protagonistas do sector, que permitiram novas aquisições sobre produtos tão icónicos da nossa oferta, como os viriatos”, explicou.
A colecção dedica ainda dois fascículos às tabernas de Viseu e à figura de D. Zeferino, que, com a mulher, Maria de Lurdes Gonçalves (D. Mimi), fundou o restaurante “O Cortiço”, considerado um dos mais “incontornáveis tópicos do roteiro gastronómico de Viseu”.
Jorge Sobrado avançou que, nesta publicação, D. Zeferino é visto na ótica do “consagrado intérprete moderno da tradição beirã à mesa”, com a criação de pratos “que se tornaram célebres da sua casa e da cidade”, como o arroz de carqueja, o bacalhau podre apodrecido na adega e o cabrito assado no forno à pastor da serra.
Alguns dos cadernos podem ser visualizados no site Visit Viseu. Para abrir o apetite, a Broa de Vildemoinhos, o Pão de S. Bento e os Pastéis de Feijão.
Nos encontros literários Tinto no Branco foi também apresentado o livro de fotografia “A voz do Dão”, dos fotojornalistas Adriano Miranda e Nuno André Ferreira. O álbum retrata “uma viagem livre, sem guião, realizada ao longo de um ano por quintas, adegas e vinhas da região (do Dão), num contacto próximo com os autores mais anónimos dos seus vinhos”.