Cabo Verde: Djarfogo, beleza e energia

A ilha do Fogo em crónica e fotografia da leitora Mónica Vidal: “a chegada ao topo do vulcão revela-se indescritível”.

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Djarfogo, ou ilha do Fogo, é uma das dez ilhas do arquipélago de Cabo Verde.

Somos recebidos nesta ilha de areia negra pela charmosa cidade de São Filipe, o maior centro urbano da ilha e uma das cidades mais antigas do arquipélago. Uma cidade com ritmo de aldeia, vestida de cores e de muito azul, que nos relembra a leveza da vida. As ruas cheiram a peixe, a fruta e a cachupa. O mar pinta o horizonte e a ilha Brava acena-nos de perto e convida-nos a uma visita.

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Em São Filipe todos os caminhos vão dar a Chã das Caldeiras. Numa van que mistura foguenses com outras gentes, de outros mundos, percorremos durante cerca de 2h estradas e solos que outrora também foram estradas, em balanço e solavanco constante. Sabemos que nos aproximamos do coração da ilha quando o Pico do Fogo impõe a sua presença e, imponente, agarra todos os olhares.

Arrepia saber que na nossa frente temos um vulcão activo, que lava corre debaixo dos nossos pés. A última erupção aconteceu entre Novembro de 2014 e Fevereiro de 2015.

Quem conheceu Chã das Caldeiras antes da erupção não consegue conter a emoção e as lágrimas. Desde aí a população local trabalha para reconstruir a aldeia e não se imagina viver longe daqui. A caldeira é sinónimo de casa. Medo? Não têm. Só vontade de reconstruir o que ficou debaixo da lava e ser feliz agora. Porque, como dizem, o futuro não existe mas o presente é uma certeza e está bem aqui para nós.

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Como planeado, a noite foi passada na caldeira e ainda com o sol adormecido começamos a subida do vulcão. João, natural do Fogo, de sorriso colado no rosto e um entusiasmo que esconde as incontáveis vezes que percorreu o mesmo caminho, guia-nos a 2,829 metros de altitude, nesta que é uma das ilhas mais altas do mundo.

A chegada ao topo revela-se indescritível. Mil e uma fotos, claro! E nenhuma, não importa o ângulo ou o enquadramento, qualquer esforço parece em vão.

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É impossível capturar a beleza e energia daquele lugar. Girar sobre 360° e não encontrar palavras que consigam descrever o que a vista alcança. O início da descida sente-se amargurado, como se aqui as leis da física se anulassem e a gravidade nos prendesse lá no alto. O dissabor dura apenas o tempo que precede a corrida da descida, e entre a respiração que se acelera ao ritmo que as pernas se enterram nos piroclastos, só conseguimos rir.

Ao chegar à caldeira o corpo acusa o esforço da subida, a barriga dói das gargalhadas da descida e a alma sente-se leve e viva. O vulcão continua lá, e agora senta-se à mesa connosco num encontro que se adivinha ainda mais intimista.

Mónica Vidal

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