A primeira “Miúda do Ano” da revista Time chama-se Gitanjali Rao e tem apenas 15 anos

Entre outras descobertas, a jovem cientista inventou um equipamento que consegue identificar poluentes em água potável contaminada.

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Em 1927 a Time distinguia pela primeira vez o Homem do Ano, mais tarde ajustou o tom desta honra para reconhecer “a Pessoa do Ano”. Este ano há uma novidade. Gitanjali Rao é capa da revista Time que decidiu que esta adolescente merecia a atribuição do primeiro título de “Miúda do Ano”. Com apenas 15 anos, a cientista que nasceu em Denver, Colorado (EUA), usou novas tecnologias para inventar vários dispositivos, entre os quais um equipamento que é capaz de detectar contaminantes como o chumbo em água potável. Mas esta miúda já fez mais do que isso.

A página da Wikipédia de Gitanjali Rao foi editada esta sexta-feira e já inclui a referência ao título atribuído pela revista Time. Mas ali encontramos outras distinções. A inventora norte-americana ganhou, por exemplo, o Discovery Education 3M Young Scientist Challenge em 2017 com apenas 12 anos e também já foi reconhecida pelos seus sucessos no Top 30 da revista Forbes. Além da tecnologia que criou para detectar água potável contaminada, a cientista também desenvolveu uma aplicação que utiliza inteligência artificial para detectar cyberbullying. O grande plano de Gitanjali Rao é inspirar as pessoas a “resolver os problemas do mundo”.

A adolescente de 15 aos foi escolhida entre cinco mil nomeados dos EUA entre os oito e os 16 anos numa lista que acabou por ficar reduzida a cinco finalistas. A revista anunciou o prémio na quinta-feira, citando precisamente capacidade desta “miúda” em aplicar ideias científicas a problemas do mundo real – e o seu desejo de motivar outros miúdos a assumirem as suas causas.

A notícia do jornal The Guardian sobre a capa de revista da Time lembra que, numa entrevista com a actriz e humanitária Angelina Jolie, Gitanjali Rao reconheceu que está longe da imagem típica de um cientista que, disse, geralmente é “um homem, mais velho e normalmente branco”. Mas, por isso mesmo, a jovem quer inspirar os outros a seguir os seus passos. “Se eu o posso fazer, você pode fazê-lo, e qualquer um o pode fazer”, disse à revista Time.

Na página da Wikipédia com o seu nome há outros pormenores. Fica-se a saber que Gitanjali Rao frequenta a escola STEM School Highlands Ranch, que terá afirmado que gostaria de estudar genética e epidemiologia e recorda-se ainda que é uma jovem que luta por outras causas como o cyberbulling. Na sua página do Twitter - que ao final desta manhã ainda não tinha nenhuma referência à distinção da Time mencionando apenas o facto de ser uma das finalistas - encontra-se um reflexo das suas batalhas e também uma ideia da intensa actividade desta adolescente que promove uma série de workshops sobre inovação entre muitos outros projectos.

O interesse pela água potável contaminada, por exemplo, terá surgido quando estava a ver notícias sobre uma crise de saúde pública na cidade de Flint, no Michigan, em 2014. Mais do que interessada, Gitanjali Rao empenhou-se em encontrar uma solução. Assim, criou um dispositivo baseado em sensores de nanotubos de carbono chamado Tethys (que inclui tecnologia Bluetooth, um processador e uma bateria de nove volts) capaz de detectar e comunicar níveis de chumbo na água potável. Em 2017 ganhou o Discovery Education 3M Young Scientist Challenge e recebeu 25 mil dólares pela sua invenção.

No ano seguinte foi galardoada com o Prémio Ambiental Juvenil da Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos. O projecto Tethys tem conquistado outros prémios e a jovem cientista espera conseguir apresentar um protótipo que pode ser comercializado muito em breve.

Outro dos seus interesses na área da saúde está relacionado com o desenvolvimento de ferramentas para o diagnóstico precoce da dependência de opiáceos. Mas há mais: Gitanjali Rao também quis ajudar noutro problema e criou uma ferramenta que pode ser utilizada no telefone ou na Web e que usa tecnologia de inteligência artificial para detectar possíveis sinais de cyberbullying. “Escreve-se uma palavra ou frase, e é capaz de a apanhar se for bullying, e dá-lhe a opção de a editar ou enviar tal como está”, explica a jovem à revista Time. “O objectivo não é castigar. Como adolescente, eu sei que os adolescentes tendem a atacar por vezes. Em vez disso, dá-lhes a oportunidade de repensar o que está a dizer para que saiba o que fazer da próxima vez.” Por fim, conta que também terá um dom para a música. Alem de tudo o que já fez e faz, Gitanjali Rao também toca piano.

Dentro de uma semana, espera-se que a Time anuncie quem merece o seu título de Pessoa do Ano, que no ano passado foi atribuído a outra adolescente: a activista climática Greta Thunberg, com 16 anos.

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