O retrato de Greta na Time, numa praia lisboeta que se alinhou para a acolher

Foi a “Personalidade do Ano” mais jovem alguma vez escolhida pela Time. A capa que o anunciou foi captada numa “praia sossegada” de Lisboa, escolhida pela fotógrafa Evgenia Arbugaeva. No momento da fotografia, “foi como se todos os elementos da natureza se tivessem aliado para criar a magia”.

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Quando Evgenia Arbugaeva recebeu a proposta para fotografar Greta Thunberg para a capa da revista Time, percebeu de imediato que teria de fazer “um retrato que combinasse gentileza e, ao mesmo tempo, coragem”. A fotógrafa russa de 34 anos, especializada em fotografia de locais remotos, confessou à Time que escolher o cenário perfeito para fotografar a activista sueca “não foi tarefa fácil”: “[Perguntei-me] como capturaria o olhar intenso e focado que eu sinto que é tão característico em Greta.”

Foi em Lisboa — onde chegou dois dias antes de Greta aportar — que Evgenia encontrou o cenário perfeito para captar o espírito que queria para a foto, que não era uma capa “qualquer”, mas aquela que anunciava a activista de 16 anos como “Personalidade do Ano 2019”, a mais jovem alguma vez eleita pela revista norte-americana. Na cabeça da fotógrafa, tinha sido imaginado um quadro com referências de Botticelli, Monet, mitologia nórdica, cartas de tarô e imagens da época do Romantismo. Percorreu Lisboa à procura de uma localização que cumprisse todos os requisitos, até que encontrou “uma praia sossegada, praticamente sem pessoas, apenas com alguns pescadores”, contou. “Tinha de considerar a questão da privacidade, porque há sempre multidões onde a Greta está. Então percebi que esta praia era perfeita.” E o encontro ficou marcado.

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Greta Thunberg chegou à praia quando o sol estava quase a pôr-se. “Enquanto ela posava para a fotografia, o céu ficou dourado e rosa, o que criou uma luz linda. O mar estava a subir e as ondas estavam a rebentar junto dela”, recorda Evgenia. “A Greta ficou firme, não se mexeu. Apenas alguns fios de cabelo estavam a esvoaçar com a brisa suave. Ela encarou o oceano que tinha acabado de atravessar. Nesse momento, foi como se todos os elementos da natureza se tivessem aliado para criar a magia — o melhor presente para um fotógrafo.” Evgenia deu o clique.

Este pode ter sido o primeiro (e último) momento de tranquilidade da jovem sueca em algum tempo. A activista passou 21 dias a atravessar o Atlântico e, no momento da fotografia, já se preparava para viajar, no dia seguinte, para a Cimeira do Clima, em Madrid — onde discursou, mais uma vez, em frente aos líderes mundiais. “A partir desse momento, multidões de jornalistas e de guarda-costas estiveram constantemente à volta dela”, refere Evgenia. “Foi a primeira vez que vi algo assim, uma histeria insana de pessoas que tentam aproximar-se dela. Mas a Greta parecia lidar com isso muito bem. Consegui ver que ela está na sua missão.”

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