Às 14h deste sábado 80% dos portugueses estavam em casa, indica estudo

Dados recolhidos a partir de uma aplicação informática instalada em perto de 3700 telemóveis mostram que portugueses cumpriram o recolher obrigatório, que começou às 13h de sábado. Este domingo espera-se ainda mais gente em casa.

Foto
O número de pessoas que permaneceu todo o dia em casa foi bastante inferior aos 70% registados nos sábados de Abril Nuno Ferreira Santos

Os portugueses cumpriram o recolher obrigatório que vigorou a partir das 13h deste sábado como resposta ao aumento de casos e de internamentos devido à covid-19. Isso mesmo indicam os dados recolhidos pela empresa PSE, que monitoriza os movimentos de 3670 pessoas através de uma aplicação de telemóvel, números esses que mostram que, às 14h deste sábado, 80% dos portugueses se encontravam em casa. Mais de metade das pessoas (55%) não chegaram sequer a sair da residência durante todo o dia, um valor que no sábado anterior se ficou pelos 42%.

Os dados da mobilidade foram divulgados neste domingo através de um comunicado da empresa, que revela que, entre o meio-dia e as 14h, 22% dos portugueses regressaram a casa, onde no início do recolher obrigatório, às 13h, estavam já 73% dos participantes que integram a amostra. O número é bastante diferente do registado no sábado anterior, que àquela hora contabilizava na residência pouco mais de 50% dos portugueses. O mesmo mostram as imagens das principais cidades portuguesas com as ruas desertas

Nuno Santos, administrador da PSE, considera que estes números mostram que os portugueses cumpriram o recolher obrigatório, notando que só 121 dos 278 concelhos do continente estão em confinamento este fim-de-semana e no próximo. “Nas zonas urbanas, os valores de pessoas que estavam em casa ao início da tarde foram superiores, na ordem dos 90%”, especifica.

PÚBLICO -
Aumentar

Mesmo assim, o responsável da PSE lembra que o número de pessoas que permaneceu todo o dia em casa foi bastante inferior aos 70% registados nos sábados de Abril.

O administrador da empresa acredita que a percentagem de pessoas em confinamento vai subir este domingo, o dia de descanso por excelência, onde é tradicional um maior recolhimento das pessoas. Ao domingo, a esmagadora maioria do comércio fecha mesmo sem o recolher obrigatório, que começou às 13h e se prolonga até às 5h de segunda-feira.

Expressivo da mudança de comportamento dos portugueses neste sábado, sublinha Nuno Santos, foi o facto de o pico de regresso a casa ter ocorrido por volta da hora do almoço e não antes do jantar, como no fim-de-semana anterior. Entre os que saíram de casa neste sábado, 64% fizeram-no nas proximidades da residência, ou seja, percorreram menos de 20 quilómetros ao longo do dia.

Entre a passada segunda-feira e sexta, a primeira semana deste segundo estado de emergência, também se sentiu num aumento das pessoas que ficam em casa. A percentagem pré-pandemia variava entre os 25 e 28%, um numero que tem oscilado na última semana entre os 33 e os 34%. Mesmo assim longe do registado nos dias úteis de Abril, em que chegou a atingir os 60%.

À noite, os números mostram igualmente um cumprimento do recolher obrigatório a partir das 23h. Se, antes da pandemia, a essa hora havia entre 88 a 90% de portugueses em casa, actualmente essa percentagem subiu para 96%.

Os dados da PSE mostram que o número de pessoas a ficar em casa nos dias úteis aumentou a partir de meados de Outubro ainda antes de decretado o estado de emergência, que começou a vigorar na passada segunda-feira e passou a tornar obrigatório o teletrabalho para grande parte da população nacional. Desde então, houve cerca de 420 mil portugueses a optar por ficar em casa, uma mudança sentida particularmente na população activa com idades entre os 25 e os 45 anos.

Os dados da PSE são recolhidos a partir de uma aplicação instalada nos telemóveis de 3670 pessoas com mais de 15 anos das regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, litoral norte, litoral centro e distrito de Faro. Os dados são recolhidos via GPS e com o consentimento dos participantes. Os responsáveis da empresa garantem que a amostra é representativa da sociedade portuguesa, ainda que sublinhem que uma das limitações do estudo é o facto de não incluir as regiões do interior e do Alentejo. Para um universo de quase sete milhões de residentes nas regiões estudadas, a margem de erro do estudo é de 1,62% para um intervalo de confiança de 95%.

Sugerir correcção