Desflorestação da Amazónia cresceu mais de 50% em Outubro no Brasil

Os registos de desflorestação na maior floresta tropical do mundo atingiram os níveis mais altos para um mês de Outubro desde 2015.

Foto
“Não é só o desflorestamento que está fora de controlo. Em Outubro, foram 17.326 focos de calor na Amazónia, 120% mais do que no ano passado”, diz a Greenpeace Reuters/Bruno Kelly

A desflorestação da Amazónia no Brasil cresceu 50,6% em Outubro face ao mesmo mês de 2019, atingindo uma perda de 836,23 quilómetros quadrados de cobertura vegetal, informou hoje o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Os registos de desflorestação na maior floresta tropical do mundo atingiram os níveis mais altos para um mês de Outubro desde 2015, quando o indicador começou a ser medido pelo INPE, que calcula a área de floresta devastada com a ajuda de imagens de satélite.

Os números referem-se aos chamados “alertas de desflorestação” do sistema Deter, que alertam o Governo brasileiro sobre possíveis fontes de extracção ilegal de madeira e permitem que os órgãos ambientais reforcem a fiscalização nessas áreas, mas não revelam a extensão total da perda de vegetação.

Segundo o INPE, a destruição da Amazónia nos 10 primeiros meses de 2020 atingiu 7.899 quilómetros quadrados, dado que indica uma queda de 6% em relação ao período de Janeiro a Outubro de 2019, quando foram devastados 8.425 quilómetros quadrados da maior floresta tropical do planeta.

Numa nota, a organização ambientalista Greenpeace destacou que o forte aumento da destruição da Amazónia no Brasil é resultado de omissões na política ambiental liderada pelo Governo brasileiro.

“Não é só o desflorestamento que está fora de controlo. Em Outubro, foram 17.326 focos de calor na Amazónia, 120% mais do que no ano passado”, afirmou Rômulo Batista, membro da campanha para a Amazónia da Greenpeace no Brasil.

O aumento da desflorestação registado em Outubro ocorreu após três meses consecutivos de redução. Só em Setembro, a queda foi de 33,7%, passando de 1.454 quilómetros quadrados de florestas devastadas, em 2019, para 964 quilómetros quadrados, em 2020.

A divulgação dos dados que apontam que a destruição da floresta amazónica no Brasil cresceu em Outubro ocorre quando o vice-presidente do país, Hamilton Mourão, conduz uma viagem pela região com 12 diplomatas estrangeiros, incluindo um representante de Portugal, numa programação que contou com sobrevoos na floresta amazónica.

“Acabar com a destruição da floresta, a perseguição e mortes dos seus guardiões e as consequentes repercussões internacionais da política anti-ambiental adoptada por este Governo, exigirá mais do que tentar enganar embaixadores com um sobrevoo”, frisou o activista da Greenpeace, citando a visita do governante.

Além dos dados do INPE, um estudo divulgado hoje pelo Observatório do Clima, plataforma que reúne 56 organizações que defendem o meio ambiente no Brasil, informou que as emissões de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa no país cresceram 9,6% em 2019, impulsionadas principalmente pelas queimadas na Amazónia.