Galp regista prejuízos de 45 milhões até Setembro

Actividade do terceiro trimestre foi condicionada “pelas adversas condições de mercado” entre Julho e Setembro, “reflectindo ainda a pandemia covid-19”, mas já a apontar para “sinais iniciais de recuperação”

Foto
Paulo Pimenta

Os resultados líquidos da Galp caíram para valores negativos nos primeiros nove meses do ano, atingindo um prejuízo de 45 milhões de euros, que contrastam com os 403 milhões de lucros em período homólogo, segundo dados oficiais.

De acordo com os resultados do terceiro trimestre do ano comunicados esta segunda-feira pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), entre Julho e Setembro a petrolífera viu cair em 10% o cash flow das actividades operacionais, que ficou pelos 391 milhões de euros, “impactado pelas adversas condições de mercado durante o período, reflectindo ainda a pandemia covid-19”, apesar de apontar já “sinais iniciais de recuperação”.

O resultado líquido ajustado (RCA) registado no terceiro trimestre do ano indica um valor negativo de 23 milhões, uma queda relativamente aos 101 milhões de lucro conseguidos em período homólogo.

Já os resultados ajustados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA RCA) fixaram-se em 1161 milhões nos primeiros nove meses do ano, depois de no terceiro trimestre do ano terem atingido os 401 milhões (uma queda de 35% relativamente ao período homólogo, mas uma subida em relação ao trimestre anterior, quando se tinham fixado em 291 milhões).

Em comunicado, a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva refere que “a resiliência operacional da Galp e a competitividade do seu portfólio foram fundamentais” para o “desempenho robusto no trimestre”.

“Continuámos a desenvolver os nossos projectos de acordo com as orientações estratégicas, apesar das condições de mercado sem precedentes, posicionando a Galp como um player solar líder na Península Ibérica e promovendo o nosso crescimento sustentável”, afirma Carlos Gomes da Silva, citado no comunicado.

A empresa refere que o investimento totalizou 724 milhões de euros, com a área de renováveis e novos negócios a corresponder a 46%, após o pagamento de 325 milhões de euros referente à transacção de 2,9 GW de projectos de energia solar fotovoltaica em Espanha, já no terceiro trimestre.

A produção média (WI) – produção bruta de matéria-prima, sobretudo petróleo, que inclui todos os custos decorrentes das operações – aumentou 7% em relação ao período homólogo para 133,8 mil barris/dia, “suportada pela maior contribuição dos projectos nos blocos BM-S-11/11A no Brasil, embora parcialmente impactado por algumas restrições operacionais que ocorreram durante o período”, escreve a empresa, lembrando que a produção de gás natural representou 10% da produção total.

No Brasil, a produção aumentou 8% relativamente a período homólogo para 120,2 mil barris/dia. Em Angola, a produção média (WI) caiu relativamente ao período homólogo 14,2 para 13,7 mil barris/dia, com a performance “a reflectir também o declínio gradual do Bloco 14”.

Em termos comerciais, as vendas de produtos petrolíferos no terceiro trimestre do ano diminuíram 30% relativamente ao período homólogo, reflectindo a menor procura, sobretudo nos segmentos da aviação e marinha, “como resultado do ambiente económico menos favorável”.

Os volumes de gás natural vendidos diminuíram 24%, “impactados pelas condições de mercado e aos menores níveis de consumo, maioritariamente por parte de clientes do segmento B2B na Península Ibérica” e as vendas de electricidade aumentaram 14% relativamente ao período homólogo, “devido a uma maior base de clientes na Península Ibérica”, justifica.

A dívida líquida aumentou para 2,1 mil milhões, “considerando os dividendos pagos a accionistas e a interesses minoritários, bem como o pagamento da transacção dos projectos de solar”.

A empresa refere ainda, em comunicado, que o plano estratégico “prevê a descarbonização gradual do seu portefólio” e lembra que “estabeleceu objectivos de longo prazo para a redução da intensidade carbónica, alinhando o portfólio com a visão de neutralidade carbónica na Europa até 2050 e comprometendo-se a reduzir a intensidade das suas actividades em pelo menos 15% até 2030 (2017 como ano de referência)”.