Covid-19: mais de 150 países aderem à COVAX – EUA e China ficam de fora

Da lista de países a aderir à iniciativa que pretende assegurar uma distribuição equitativa de potenciais vacinas contra a covid-19 – a COVAX – fazem parte 64 países considerados mais ricos (entre os quais, Portugal). É esperado que se juntem nos próximos dias mais 38 países com economias mais robustas.

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Mais de 150 potenciais vacinas de combate à covid-19 estão a ser desenvolvidas e testadas a nível mundial daniel rocha

Um total de 156 países – o que representa 64% do total da população mundial – aderiram à iniciativa global de distribuição justa de futuras vacinas contra a covid-19 – a COVAX –, afirmou esta segunda-feira a aliança responsável pela iniciativa, liderada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém, as superpotências EUA e China ficaram de fora.

O governo de Donald Trump já garantiu futuros fornecimentos de vacinas através de acordos bilaterais para os EUA, em detrimento dos países mais pobres, gerando mesmo acusações de comportamento egoísta. Como tal, o país não fará parte do plano global de vacinação de combate à covid-19.

Por sua vez, a China, onde teve início o novo coronavírus, também esteve ausente da lista dos 64 países considerados mais ricos (que inclui Portugal) que aderiram ao chamado plano COVAX, que pretende distribuir, até ao final de 2021, dois mil milhões de doses de vacinas em todo o mundo (o suficiente para vacinar mil milhões de pessoas, assumindo que serão necessárias duas doses), dando prioridade aos profissionais de saúde e à população mais vulnerável. Ainda assim, a aliança que gere a iniciativa e que junta a OMS, a Global Alliance for Vaccine and Immunisation (GAVI) e a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (CEPI) assegurou, por meio dos seus representantes, em comunicado de imprensa, que o diálogo com Pequim continua.

A iniciativa que, segundo a aliança, representa cerca de dois terços da população mundial, publicou a lista de signatários, após o prazo para compromissos vinculativos ter expirado na passada sexta-feira. “A COVAX está agora em funcionamento: governos de todos os continentes escolheram trabalhar em conjunto, não só para garantir vacinas para as suas próprias populações, mas também para ajudar a garantir que as vacinas estão disponíveis para os mais vulneráveis do resto do mundo”, afirma Seth Berkley, CEO da GAVI.

“A COVAX dará ao mundo o maior e mais diversificado conjunto de potenciais vacinas [contra a covid-19]”, garante o director-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado. “Trabalhar em conjunto através da COVAX não é caridade; é do interesse de cada país controlar a pandemia e acelerar a recuperação económica global. Não é apenas a coisa certa a fazer, é também a coisa inteligente a fazer”, acrescenta.

Com alguns países mais ricos reticentes relativamente à COVAX, a iniciativa realçou o desafio de distribuir vacinas de forma equitativa num mundo de ricos e pobres. “A propagação global da covid-19 significa que só através do acesso equitativo e simultâneo a novas vacinas de combate à doença é que podemos esperar pôr fim a esta pandemia”, diz também em comunicado Richard Hatchett, CEO da CEPI.

A aliança liderada pela OMS espera que mais 38 países de rendimentos mais elevados se juntem à iniciativa nos próximos dias. Para além disso, alerta que apesar de ter recebido compromissos de 1,4 mil milhões de dólares para a investigação e desenvolvimento de vacinas (cerca de 1,2 mil milhões de euros), será ainda necessário mais 700/800 milhões de dólares (591/675 milhões de euros). Como avança a aliança em comunicado, o sucesso da COVAX depende não só da adesão dos países à iniciativa e dos compromissos dos fabricantes de vacinas, mas também do preenchimento das principais lacunas de financiamento, tanto para o trabalho de investigação e desenvolvimento, como para apoiar a participação das economias de menor rendimento na iniciativa.

Mais de 150 potenciais vacinas estão a ser desenvolvidas e testadas globalmente, com 38 em fase de testes em humanos, para combater o novo coronavírus, que já infectou cerca de 31 milhões de pessoas a nível mundial e matou quase um milhão, um quinto das quais nos EUA.