Estações Náuticas: Portugal à vista!
Ondas há sempre. E mar. E água, o elemento transversal do projecto Estações Náuticas, a mudar a forma como olhamos para a nossa paisagem. É muito mais do que turismo. São artes e ofícios, desportos radicais, pessoas apaixonadas pelo vento. O mundo não vai ser o mesmo — e nós não queremos que seja o mesmo.
Os barcos “agarram uma certa idade e começam a ser como nós”. Os músculos “começam a fazer mais força” e nós “ficamos mais pequeninos”. José Rito está rodeado pelo seu estaleiro. Os barcos dele têm pele e vida. Ameaçam arrastar-se para a água, onde pertencem. “Começam a cair de proa e de ré, e a madeira, com tanta força do andamento, começa a dar de si”, conta, atropelando-se a uma velocidade estenográfica, sotaque cerrado. Até aos nove, dez anos, os barcos “são bons”. “São uns ricos barcos.” A partir daí começam a ceder. “Já não nos fazem a vontade, começam a estremecer. Quando a gente sente no ouvido o barco a fazer chac-chac-chac, a água chega ao meio e o barco começa a fazer cova. E quando o barco começa a fazer cova, já não é um barco para andar, já não vira tão rápido, já não faz a vontade ao homem do leme. E o homem do leme fica um bocado chateado quando perde regatas”, sorri.
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