Greta Thunberg recebe Prémio Gulbenkian para a Humanidade
Prémio no valor de um milhão de euros distingue, nesta primeira edição, pessoas e organizações de todos o mundo que contribuíram de forma inovadora para a mitigação das alterações climáticas.
A jovem activista sueca Greta Thunberg venceu o Prémio Gulbenkian para a Humanidade, no valor de um milhão de euros, que quer distinguir projectos inovadores dedicados às alterações climáticas. É a primeira edição de uma distinção que quer recompensar “novas ideias que contribuam para melhorar o futuro do planeta”. Este ano, na sua primeira edição, o prémio é dedicado às alterações climáticas. Foram recebidas 136 candidaturas. Greta Thunberg deverá viajar até Lisboa para a cerimónia oficial de entrega deste prémio que, ao contrário de outros que lhe foram atribuídos antes, aceitou receber.
Num vídeo gravado, a jovem sueca agradeceu o prémio e anunciou que o milhão de euros será doado, através da fundação com o seu nome, a diferentes organizações e projectos que tentam neste momento dar resposta à crise climática e ecológica. São acções, disse ainda, que “lutam por um mundo sustentável e para proteger o mundo natural”. De acordo com um comunicado da Gulbenkian, a Fundação Thunberg "começará por doar os primeiros 200 mil euros à SOS Amazonia campaign, da Fridays for Future Brazil, que combate a covid-19 na Amazónia, e à Stop Ecocide Foundation para tornar o ecocídio um crime internacional”.
A jovem sueca ficou conhecida por ter dado início a um movimento global de combate às alterações climáticas. Em 2018, Greta – que tem agora 17 anos – faltou às aulas para acampar em frente do Parlamento sueco, segurando uma placa onde se lia “Skolstrejk för klimatet” (“Greve escolar pelo clima”). Actualmente, o movimento Fridays for Future, nascido desta luta solitária, junta milhões de jovens em todo o mundo em greves climáticas.
Greta Thunberg foi escolhida a 11 de Dezembro de 2019, como Personalidade do Ano pela revista Time, que colocou na capa uma fotografia da jovem, tirada na costa portuguesa, sob o título “O poder da juventude”. No início de Dezembro, a activista esteve de passagem por Portugal, depois de atravessar o Atlântico a bordo de um barco. Aportou em Lisboa — onde, aliás, foi fotografada para a capa da edição da Time de Dezembro — antes de seguir para Madrid onde decorria a Cimeira do Clima. A revista Forbes incluiu a jovem sueca na lista das 100 mulheres mais poderosas de 2019.
“O Prémio Gulbenkian para a Humanidade distingue percursos inovadores com elevado potencial para auxiliar processos de mitigação das e/ou adaptação às alterações climáticas, uma das maiores ameaças do século, com consequências devastadoras no bem-estar das gerações actuais e futuras, na economia e nos ecossistemas naturais”, lê-se no anuncio da distinção atribuída pela primeira vez. A selecção dos nomeados foi feita por um júri externo dividido num grande júri presidido pelo ex-Presidente da República Jorge Sampaio, e por um comité de especialistas presidido pelo cientista Miguel Bastos Araújo.
Jorge Sampaio realçou “o papel único” de Greta Thunberg na “liderança de um movimento cívico” decisivo no mundo actual e considerou que, este reconhecimento da Fundação Gulbenkian “reitera a sua aposta nos jovens como agentes de mudança”. “É um prémio de mérito”, sublinhou o cientista Miguel Bastos Araújo, adiantando que o nome da jovem ambientalista foi proposto de forma independente por “três individualidades”. Além do mérito, o investigador adiantou que foram ainda considerados outros critérios como “o impacto e o grau de inovação”. “Há um antes e depois da Greta na mobilização juvenil”, disse, lembrando ainda a importância do manifesto da ambientalista aos líderes europeus. O comité de especialistas, presidido Miguel Bastos Araújo, avaliou numa primeira fase as 136 nomeações (correspondendo a 79 organizações e 57 personalidades) provenientes de 46 países, apresentando depois uma lista mais reduzida com 10 candidatos, para apreciação final do Grande Júri.
A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, anunciou em 2019 a criação do Prémio para a Humanidade no valor de um milhão de euros, a atribuir todos os anos. As alterações climáticas foi o tema escolhido para a estreia de um galardão que pretende destacar “novas ideias que contribuam para melhorar o futuro do planeta”.
Desta forma, o prémio “sublinha o compromisso da Fundação Calouste Gulbenkian para com a urgência da acção climática”. No site da instituição, refere-se ainda que este reconhecimento ambiciona, em particular, “acelerar a transição para uma sociedade neutra em carbono, mitigar os efeitos negativos das alterações climáticas para as pessoas, para o ambiente e para a economia e promover uma sociedade mais resiliente e preparada para as alterações globais do futuro, protegendo em especial os mais vulneráveis”. É, conclui-se, um incentivo para “destacar e alavancar respostas de acção climática, de elevada dimensão, contribuindo para acelerar a descarbonização da economia, proteger as pessoas e os sistemas naturais dos graves efeitos associados à crise do clima e sustentar o desenvolvimento sustentável”.