Tate Britain anuncia os dez artistas que vão receber bolsas do Prémio Turner
Devido à pandemia de covid-19, a atribuição do prémio foi este ano substituída por bolsas a artistas. Cada um receberá cerca de 11 mil euros.
A organização do Prémio Turner, uma das mais importantes distinções mundiais da arte contemporânea, anunciou nesta quinta-feira os nomes dos dez artistas que vão receber uma bolsa de dez mil libras (cerca de 11 mil euros), em substituição da habitual atribuição do galardão a um só vencedor.
No final de Maio, a Tate Britain tinha já informado que, devido às restrições causadas pela pandemia de covid-19, este prémio anual, no valor de 40 mil libras (cerca de 48 mil euros), seria desta vez transformado em bolsas de criação para dez artistas. Com a contribuição de vários mecenas, o valor acabou por ascender a cem mil libras (quase 112 mil euros), para distribuir aos artistas “neste período de profunda perturbação e incerteza”, justificou, na altura, a instituição britânica.
Os dez artistas seleccionados pelo júri, adianta um comunicado da Tate Britain, são Liz Johnson Artur, Oreet Ashery, Shawanda Corbett, Jamie Crewe, Sean Edwards, Sidsel Meineche Hansen, Ima-Abasi Okon, Imran Perretta, Alberta Whittle, e ainda a organização Arika.
Da cerâmica ao cinema, da performance à fotografia, o trabalho destes artistas “representa entusiasmantes e interdisciplinares formas de expressão”, sublinha a Tate, que encara estas bolsas como “um voto de confiança nos artistas e um merecido apoio em tempos muito desafiantes”.
Liz Johnson Artur é uma fotógrafa de ascendência ganeso-russa, sediada em Londres, que tem passado os últimos 30 anos a fotografar a vida de africanos na diáspora. Oreet Ashery também trabalha em Londres em projectos multidisciplinares sobre género, biopolítica e comunidade, enquanto Shawanda Corbett tem a sua base em Oxford, onde as suas cerâmicas e pinturas questionam as ideias sobre o corpo.
O artista e cantor Jamie Crewe, de Glasgow, usa vídeo, escultura e desenho para falar sobre poder, identidade, comunidade e História, enquanto Sean Edwards, artista residente em Cardiff, usa pequenas esculturas e vários media para criar instalações sobre histórias pessoais de família.
Sidsel Meineche Hansen, residente em Londres, investiga a forma como os corpos virtuais humanos e robóticos são hoje manipulados numa sociedade altamente orientada para a tecnologia. E Ima-Abasi Okon, cuja actividade se divide entre Londres e Amesterdão, trabalha em escultura, vídeo e som para criar instalações sobre tecnologia e industrialização.
Também radicado em Londres, Imran Perretta reflecte sobre marginalidade em filmes, poesia e performances. Alberta Whittle, que divide a sua actividade entre Barbados, Escócia e África do Sul, aborda as questões da diáspora, do colonialismo e da escravatura em colagens, vídeo, escultura e fotografia.
Finalmente, Arika é uma organização focada no carácter político e social das artes, com base em Edimburgo, e cujos projectos apoiam ligações entre a arte e a mudança social.
As bolsas deste ano foram atribuídas pelo júri com base nos mesmos critérios das exposições realizadas pelos artistas, no quadro do regulamento do prémio. Os membros do júri foram o curador do Instituto de Artes Contemporâneas Richard Birkett, a directora do Centro BALTIC para a Arte Contemporânea, Sarah Munro, o director da Bienal de Liverpool, Fatos Üstek, e ainda o curador e designer Duro Olowu.
O Prémio Turner para as artes visuais foi criado em 1984 com o nome do pintor William Turner (1775-1851) e é atribuído anualmente a artistas nascidos ou a residir no Reino Unido, com base no trabalho desenvolvido no ano anterior.
No ano passado, os quatro finalistas — Lawrence Abu Hamdan, Helen Cammock, Tai Shani e Oscar Murillo — decidiram de forma inédita reunir-se num colectivo, a quem o prémio foi atribuído.
De acordo com a organização, o Prémio Turner regressará ao seu formato de exposição em 2021.