Modelos, designers e fotógrafos de moda negros começaram a publicar nas redes sociais as suas próprias versões das capas da Vogue, exigindo uma mudança na indústria para garantir uma maior diversidade e oportunidades.
“Durante demasiado tempo, as portas da indústria da moda estiveram fechadas a tantos homens e mulheres negros”, disse no Twitter Micah Butler, director criativo da marca Kings Arise Clothing, numa publicação sobre o desafio que, entretanto, se tornou viral.
“A nossa cultura é sempre acolhida, mas muitas vezes somos excluídos. Rezo para que isso comece a mudar. Precisamos de assistir a uma verdadeira mudança.”
Os protestos contra a morte de um homem negro desarmado, George Floyd, às mãos da polícia nos Estados Unidos, desencadearam um debate global sobre as desigualdades baseadas na cor da pele, pressionando as grandes marcas e os líderes da indústria a fazerem mais para promover a mudança.
No caso edição norte-americana da revista Vogue, a sua conhecida directora, Anna Wintour, comentou o assunto no início da semana, pedindo desculpa pelos erros “dolorosos e intolerantes” cometidos pela revista durante os seus 30 anos de mandato.
“Quero dizer claramente que sei que a Vogue não encontrou formas suficientes para elevar e dar espaço a editores, escritores, fotógrafos, designers e outros criadores negros”, disse Wintour num comunicado interno amplamente divulgado nos meios de comunicação social e ao qual a Fundação Thomson Reuters teve acesso.
“Também cometemos erros, publicando imagens ou histórias que têm sido dolorosas ou intolerantes. Assumo toda a responsabilidade por esses erros.”
Em 2018, a edição britânica da Vogue nomeou o seu primeiro editor negro, Edward Enninful, nascido no Gana. Já a publicação americana relembra, num artigo publicado a propósito do desafio, que “não é segredo que os fotógrafos por detrás da maioria das capas das revistas são brancos e homens (…). Foi apenas há dois anos que Tyler Mitchell se tornou o primeiro fotógrafo afro-americano a fotografar uma história de capa para a Vogue” - a edição de Setembro de 2018 protagonizada por Beyoncé.
Grandes empresas, desde gigantes do entretenimento a empresas de beleza e marcas desportivas, têm vindo a partilhar mensagens nas redes sociais em que apelam à igualdade desde o início dos protestos por causa da morte de George Floyd, com alguns críticos a acusá-los de usarem o movimento para marketing.