George Floyd torna-se símbolo da violência policial racista e protestos espalham-se pelo mundo

A morte do afro-americano às mãos de um polícia de Minneapolis está a gerar protestos anti-racistas um pouco por todo o mundo. Austrália, Coreia do Sul, Japão, França, Reino Unido, Grécia, Alemanha, Argentina, Brasil, Nigéria e Quénia são alguns dos países onde já houve protestos e mais estão prestes a acontecer.

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A polícia australiana atacou os manifestantes com gás pimenta na Central Station em Sydney LUSA/JAMES GOURLEY
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Manifestante em Sydney é tratado dos efeitos do gás pimenta em Sydney LUSA/JAMES GOURLEY
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Polícia usa gás de pimenta na Central Station, em Sydney,Polícia usa gás de pimenta na Central Station, em Sydney LUSA/JAMES GOURLEY,LUSA/JAMES GOURLEY
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Acção dos Primeiros Povos australianos nos protestos de Brisbane LUSA/GLENN HUNT
Black Lives Matter Protest
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Protesto em Seul, na Coreia do Sul LUSA/JEON HEON-KYUN
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Manifestação em Leicester, no Reino Unido Reuters/CARL RECINE
Demonstração
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Protesto no distrito comercial de Shibuya, em Tóquio Reuters/ISSEI KATO
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Em MIlton Keynes, no Reino Unido Reuters/ANDREW BOYERS

Pelo menos 20 mil pessoas marcharam em Sydney, na Austrália, neste sábado, em solidariedade com os protestos por causa da morte de George Floyd em Minneapolis, que se tornou um símbolo mundial do quanto as minorias étnicas sofrem às mãos da polícia. Em cada país há motivos locais para protestar contra a violência policial - na Austrália, está em causa o uso de perfis raciais pelas autoridades e as mais de 400 indígenas australianos que morreram estando em custódia policial desde 1991, quando uma comissão reconheceu que existia um problema.

​"É a mesma história em solo diferente”, disse ao Guardian Ky-ya Nicholson-Ward, manifestante de 17 anos que participou num protesto em Melbourne, em apoio ao Black Lives Matter.

​Em Sydney, os manifestantes gritaram “Não consigo respirar” – as últimas palavras de Floyd – e ajoelharam-se em apoio ao Black Lives Matter. Um dos casos referidos de violência policial foi o do filho de Leetona Dungay, que acabou por morrer quando estava a ser detido. “Tiveram o meu filho no chão durante dez minutos”, disse a sua mãe à multidão.

No final do protesto em Sydney, entre 50 a 100 manifestantes gritaram contra a violência policial e as autoridades lançaram-lhes gás pimenta.

Os australianos prometeram continuar a protestar este fim-de-semana, desafiando o primeiro-ministro. Scott Morrison disse que a Austrália “não precisa das divisões vistas noutros países” com os protestos, garantindo que o país também tem problemas e que estão a ser resolvidos.

Mas não é só a Austrália. Há vários protestos marcados para este sábado em Portugal, em Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Viseu. E pelo mundo fora acontece o mesmo.

Coreia do Sul, Japão, França, Reino Unido, Grécia Alemanha, Argentina, Brasil, Nigéria e Quénia são apenas alguns dos países com manifestações Black Lives Matter neste fim-de-semana.

Em Tóquio, centenas de pessoas marcharam contra a detenção de um homem curdo pelas autoridades. Foi obrigado a parar quando conduzia o carro, a sair do veículo e atirado para o chão, deixando-o com nódoas negras. “Quero mostrar que há racismo no Japão”, disse à Reuters Wakaba, estudante de 17 anos. “Não há justiça, não há paz, não à polícia racista”, gritou a multidão.

Na Coreia do Sul, dezenas de activistas e residentes estrangeiros, alguns com máscaras pretas a dizer “não consigo respirar”, saíram à rua em Seul, diz a Reuters. “A Coreia do Sul está a tornar-se uma sociedade multicultural”, disse o organizador do evento, Shim Ji-Hoon. “Propus esta marcha para alertar para a discriminação racial e contribuir para um mundo melhor”.

E, na Tailândia, o receio da pandemia levou os activistas a optarem pelas redes sociais para se manifestar. Vídeos e fotos de pessoas a usarem máscaras, enquanto levantam os seus punhos, inundaram as redes sociais e o slogan “unidos com o Black Lives Matter” imperou. Também fizeram um momento de silêncio de 8 minutos e 46 segundos - o tempo que George Floyd foi filmado sem conseguir respirar.

Na Europa, onde o racismo da polícia também tem sido denunciado com casos específicos, haverá uma nova vaga de protestos neste fim-de-semana. Na terça-feira, mais de 20 mil pessoas juntaram-se em Paris, em França, e recordaram o racismo constante da polícia francesa e a morte do africano Adama Traoré. Foi morto pela polícia há quatro anos e nenhum agente foi acusado. A polícia de choque francesa entrou em campo e houve confrontos, com a primeira a disparar balas de borracha e gás lacrimogéneo, tendo como resposta o atear fogo a caixotes do lixo. Por isso, a polícia proibiu o protesto deste sábado.

No Reino Unido, onde se registaram esta semana protestos com milhares de pessoas, esperam-se protestos ainda maiores. O movimento britânico anti-racista ganhou novo fôlego, diz o Guardian, e a ministra da Administração Interna, Priti Patel, reconheceu-o, aconselhando os britânicos a não participarem por o coronavírus continuar a ser uma ameaça a ter muito em conta – os manifestantes têm usado máscaras nos protestos.

“Por favor, pela segurança de todos nós, não participem em grandes encontros – incluindo protestos – de mais de seis pessoas este fim-de-semana”, disse no Twitter o ministro da da Administração Interna.

Também em Atenas, na Grécia, se registaram confrontos entre a polícia e manifestantes na noite de sexta para sábado. Duas mil pessoas manifestaram-se no centro da capital ateniense e um pequeno grupo afastou-se do protesto e começou a atirar pedras à polícia, com esta a responder com gás lacrimogéneo. As queixas de violência policial são bastante comuns na Grécia.

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