Chef Tanka Sapkota doa 4000 euros ao Banco Alimentar e à comunidade nepalesa
O chef nepalês pôs de lado 10% da receita das entregas dos seus quatro restaurantes durante um mês. Metade dos cerca de 4000 euros angariados vão ser atribuídos ao Banco Alimentar e a outra metade está destinada a imigrantes nepaleses carenciados.
O chef nepalês Tanka Sapkota não conseguiu ficar indiferente à pesada factura que a pandemia cobrou a tantas pessoas. Por isso, decidiu doar 4326,57 euros ao Banco Alimentar e à comunidade nepalesa em Portugal, dividindo o valor em partes iguais. O dinheiro foi angariado entre 25 de Abril e 25 de Maio, correspondendo a 10% da receita das entregas dos seus quatro restaurantes - Come Prima, Il Mercato, Forno d’ Oro e Casa Nepalesa – todos localizados em Lisboa.
“A prática da solidariedade foi algo que fiz a minha vida toda, e que a minha família sempre praticou - simplesmente nunca divulguei essas acções. Contudo, no contexto da pandemia, pareceu-me fundamental ajudar as pessoas que ficaram desprotegidas e comuniquei as minhas acções, até para inspirar outros a fazerem o mesmo”, revela o chef ao PÚBLICO.
A escolha do Banco Alimentar como destino para a doação foi fácil. “Fomos ouvindo notícias de um aumento brutal dos pedidos de ajuda por parte de famílias carenciadas e de pessoas que estavam a passar fome devido à pandemia e aos empregos que falharam de repente. O Banco Alimentar enquanto instituição, com historial de presença e distribuição junto das associações e das famílias carenciadas, pareceu-nos o parceiro mais indicado”, explica Tanka Sapkota.
Já a ligação do chef à comunidade nepalesa é “muito próxima”. “A primeira associação nepalesa em Portugal, fundada em 2006, nasceu por iniciativa nossa - minha e de amigos da comunidade. Cheguei a ser Vice-presidente. Hoje, mantém-se com 2400 membros activos”, afirma. Não é a primeira vez que Tanka Sapkota apoia a comunidade de imigrantes do Nepal, tendo em 2016 participado numa iniciativa que arrecadou 7000€ para ajudar as vítimas do terramoto no país.
O gosto pela cozinha surgiu “por acaso”. “O meu pai queria que eu tirasse o curso de Direito. Fiz-lhe a vontade durante um ano, mas percebi rapidamente que não era isso que queria e decidi partir para a Alemanha. Comecei a trabalhar num restaurante italiano, a lavar pratos. Observei muito, aprendi muito, e ao fim de alguns anos, posso dizer que a dona do restaurante só comia os pratos que tivessem sido confeccionados por mim”, confessa.
Mas afinal, como é que um chef nepalês apaixonado por comida italiana veio parar a Portugal? “Ao fim de quatro ou cinco anos na Alemanha, vim de férias a Portugal. Vinha por 15 dias. Mas percebi, ao provar a oferta de gastronomia italiana, que havia aqui uma oportunidade de negócio - e foi assim que vim para Portugal. Comprei o meu primeiro restaurante, o Come Prima, em 1999”, afirma o chef. Mesmo depois de ter passado dois anos a estudar em Itália, refere nunca parou de “investir e crescer” em Portugal.
Para além desta doação, o futuro reserva mais iniciativas solidárias. “Posso adiantar que é um projecto grande e ambicioso, que passa por oferecer 8000 refeições a famílias carenciadas. É algo que eu e a minha equipa fazemos neste momento por acreditarmos que é nos momentos mais difíceis que é mais importante contribuirmos para uma sociedade e um mundo melhores”, remata.
Texto editado por Ana Fernandes