Lisboa cria fundo de três milhões para ajudar a comprar bicicletas

Linha de apoio é muito superior à disponibilizada pelo Governo e tem como condição fazer a compra numa loja de bicicletas aderente.

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Miguel Gaspar diz que já vê mais ciclistas nas ruas de Lisboa Nuno Ferreira Santos

Com vista a “dar um incentivo e confiança” às pessoas que estão “à procura de formas alternativas para se deslocarem”, a Câmara de Lisboa vai criar um fundo com três milhões de euros para apoiar a compra de bicicletas. A medida insere-se num pacote de iniciativas destinado a fomentar uma mobilidade menos dependente do carro no pós-covid e que incluirá também mudanças no espaço público e a criação de mais ciclovias.

O Fundo de Mobilidade, assim se vai chamar, terá 1,5 milhões de euros para financiar a compra de bicicletas convencionais e outros 1,5 milhões para bicicletas eléctricas e de carga. Trata-se de um valor quase dez vezes superior ao disponibilizado pelo Ministério do Ambiente no mais recente incentivo para veículos de baixas emissões, que reservava um total de 400 mil euros para bicicletas.

No caso das bicicletas convencionais, o apoio da câmara é de 100 euros e destina-se exclusivamente a estudantes. Miguel Gaspar, vereador da Mobilidade, diz que esta é “uma forma de facilitar o regresso à escola e à universidade”, sobretudo para alunos já com autonomia nas deslocações. Esta linha pode financiar a aquisição de um máximo de 15 mil bicicletas.

Já no caso das bicicletas eléctricas, que Gaspar classifica como “uma opção muito confortável e uma óptima alternativa de transporte individual”, o apoio pode chegar a metade do valor do veículo, até um máximo de 350 euros. Moradores e trabalhadores da cidade podem beneficiar desta linha de financiamento, que tem 500 mil euros reservados para bicicletas eléctricas de carga. “O que leva muita gente a estar dependente do carro é ter de levar as crianças à escola”, explica o vereador, argumentando que as cargo bikes têm capacidade para transportar crianças ou as compras do supermercado.

O apoio da câmara é cumulativo com o do Governo, o que pode trazer maiores descontos aos interessados. Há, porém, uma condição. “Queremos que as lojas de bicicletas da cidade sejam parceiras. As lojas aderem e é através delas que a câmara vai organizar estes pedidos”, diz Miguel Gaspar, que acumula os pelouros da Mobilidade e da Economia, considerando esta medida um incentivo ao tecido empresarial local.

Nas últimas semanas, com o desconfinamento em marcha, arquitectos, urbanistas, associações de mobilidade sustentável e partidos têm pedido às autarquias e ao Governo uma actuação mais musculada para promover o uso da bicicleta e do espaço pedonal. Em Lisboa ainda pouco foi anunciado, mas a autarquia tem alargado discretamente a sua rede de ciclovias e prepara-se para fazer mais obras como a da Rua de São Paulo, onde todo o estacionamento automóvel foi eliminado para alargar passeios e esplanadas. Recentemente, a câmara criou um grupo de trabalho específico para coordenar as futuras intervenções no espaço público.

Para além do fundo, a autarquia vai ainda promover a criação de mais 3000 lugares cobertos para bicicletas, tanto em parques de estacionamento subterrâneos como em estruturas na via pública, à semelhança do que já existe junto à estação de Entrecampos.

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