Covid-19: OMS desaconselha encerramento de mercados como o de Wuhan

OMS recorda que estes mercados são fonte de alimentos para milhões de pessoas em todo o Mundo.

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Mercado da cidade de Wuhan, China DR

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse, esta sexta-feira, esta que mercados como o da cidade de Wuhan, na China, que podem ter estado na origem da pandemia de covid-19, não devem ser encerrados.

Num encontro com a imprensa, Peter Ben Embarek, o especialista em doenças de animais da OMS disse que os mercados de animais vivos, como o de Wuhan, são uma fonte de alimentos para milhões de pessoas em todo o mundo e que as autoridades devem preocupar-se em melhorar as condições dos espaços em vez de os ilegalizar, mesmo que possam estar eventualmente na origem de epidemias que afectam os humanos.

“A segurança alimentar nesses ambientes é difícil e, por isso, não é surpreendente que por vezes tenhamos acontecimentos como esses a surgir nesses mercados”, disse Ben Embarek.

Para o especialista, reduzir o risco de transmissão de doenças de animais para seres humanos nesses mercados geralmente lotados pode ser conseguido pela melhoria das condições de higiene e dos padrões respeitantes à segurança alimentar, incluindo processos de separação entre os animais e as pessoas. 

Ben Embarek acrescentou que, no entanto, ainda não é seguro afirmar-se se o mercado de Wuhan esteja ligado directamente ao primeiro caso do novo coronavírus na China ou se foi um espaço de propagação da covid-19. 

O investigador da OMS disse que os cientistas da China continuam a tentar assinalar qual a espécie animal que contaminou humanos com o vírus de covid-19, referindo que outras espécies também são afectadas pela mesma doença como gatos, tigres, furões e cães.

A identificação de outras espécies vulneráveis vão permitir algumas intervenções no sentido de prevenir futuras pandemias. “Não queremos criar um novo ‘reservatório’ em animais que podem continuar a criar infecções nos humanos.”    

Ben Embarek acrescentou que vai ser necessário um tempo “considerável” para identificar o animal que terá sido supostamente a fonte original do novo coronavírus, frisando que vai ser preciso primeiro realizar “extensos” estudos que envolvem as autoridades de saúde responsáveis pelas entrevistas com muitos dos que foram sendo infectados durante a pandemia para apurar os eventuais contactos que tiveram com animais antes de ficarem doentes. 

Os cientistas têm de recolher amostras dos animais para encontrarem a ligação com o coronavírus que está a afectar os humanos, frisou. Até ao momento, o regime de Pequim não convidou a OMS ou outro organismo estrangeiro a participar nas investigações. Ben Embarek acrescentou que “provavelmente” a China possui especialistas para conduzir as investigações e que a OMS “não notou” problemas na disposição do país para “trabalhar com outras pessoas”. 

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infectou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados. Em Portugal, morreram 1114 pessoas das 27.268 confirmadas como infectadas, e há 2422 casos recuperados, de acordo com o boletim desta sexta-feira da Direcção-Geral da Saúde.