Lares de idosos: há utentes “a desistir da vida” e funcionários marginalizados por colegas e familiares
O custo da pandemia nos lares de idosos vai muito para além das mortes por covid-19. Há demências a agravar-se, declínios cognitivos e utentes que, sentindo-se abandonados pelos familiares, desistem de viver. Os funcionários que cuidam dos infectados contam, a medo, que os restantes colegas passaram a evitá-los. Nalguns casos, a própria família fechou-lhes as portas.
A gata amarela que se passeia pelos corredores do Lar Dra. Leonor Beleza, em Santo Tirso, é hoje o único resquício de normalidade na instituição. “Tudo o que contribuía para um ambiente familiar e de casa desapareceu: o lar tornou-se frio e distante”, lamenta Ana Luísa Carvalho, coordenadora desta estrutura criada em 1986 pela Santa Casa da Misericórdia, para acolher utentes com grandes dependências. Aos estragos causados pelo novo coronavírus (que infectou 28 funcionários e 44 utentes, dos quais sete morreram), soma-se a preocupação pela deterioração mental e cognitiva dos que recuperaram ou que nem chegaram a ser infectados.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.