Um quarto dos alunos do 1.º ciclo em Lisboa não tem computador ou net em casa

Vereador da Educação propõe que a Câmara de Lisboa invista 1,5 milhões de euros em computadores e routers para os alunos mais carenciados.

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Escolas estão fechadas desde meados de Março e não é certo que reabram este ano lectivo daniel rocha

Quase um quarto dos alunos do 1.º ciclo da rede escolar pública de Lisboa não tem meios digitais para estudar em casa. Um diagnóstico feito nas últimas semanas pela câmara municipal revela que pelo menos 3050 crianças que frequentam os primeiros quatro anos de escolaridade não têm acesso a um computador ou tablet e/ou rede de internet de banda larga.

Este valor representa 22,5% dos alunos no universo de 13.568 que estão matriculados para este ano lectivo, o que leva o vereador da Educação e Direitos Sociais a defender um investimento autárquico para colmatar as falhas de acesso. Manuel Grilo, eleito pelo BE, vai apresentar uma proposta para que a câmara compre computadores e routers 4G para distribuir pelos estudantes mais necessitados, estimando que essa medida custe à volta de 1,5 milhões de euros.

“Apenas este complemento tecnológico permitirá assegurar que todos os alunos têm acesso a ferramentas que mitiguem os efeitos perversos da pandemia”, acredita o vereador, preocupado com o “previsível aumento das desigualdades em contexto escolar” durante a actual crise epidémica e a económica que se avizinha.

Desde meados de Março que as escolas estão fechadas e os alunos estão em casa, em muitos casos com aulas à distância através de plataformas digitais. Já é certo que em Abril não haverá aulas presenciais e o Governo agendou para esta quinta-feira uma decisão sobre o terceiro período.

Está neste momento em preparação uma nova forma de Telescola em que os alunos até ao 9.º ano terão aulas através dos canais televisivos da RTP. Essa plataforma deverá estar a funcionar logo a seguir às férias da Páscoa, que neste momento decorrem. “A telescola é uma solução bem-vinda mas insuficiente para estes alunos, que permanecerão numa situação de franca desigualdade perante os colegas com acesso a recursos digitais e interacção regular com a escola e os professores”, adverte Manuel Grilo.

No diagnóstico levado a cabo pelo seu gabinete apenas foram tidos em consideração os 93 estabelecimentos de ensino geridos directamente pela Câmara de Lisboa, correspondentes a escolas do 1.º ciclo e jardins-de-infância. Os restantes, destinados a alunos dos 2.º e 3.º ciclos e do Secundário, são geridos pelo Ministério da Educação. O vereador alerta também que, nesse universo de 3050 alunos, não estão incluídos aqueles que têm de partilhar o computador com os irmãos ou com os pais.

Em Lisboa, no actual ano lectivo, há 5808 alunos do 1.º ciclo (43% do total) nos escalões mais elevados da acção social escolar, o que significa que provêm de famílias com rendimentos baixos ou muito baixos. Para estes e para os alunos com necessidades educativas especiais, todos os agrupamentos de escolas estão desde meados de Março a servir refeições em regime de take-away.

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