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Quebra de 25% no turismo penalizaria economia em 2,9%

O registo de perdas apenas no sector do turismo, um dos mais importantes para o país, seria o suficiente para conduzir a economia portuguesa a uma contracção este ano, um cenário que já é visto como inevitável

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paulo pimenta

Uma redução da actividade turística de 25% durante um ano poderia conduzir a uma quebra do PIB português da ordem dos 2,9%, revela nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), num exemplo utilizado para ilustrar os efeitos que as variações em cada sector têm na actividade económica como um todo.

Numa tentativa de disponibilizar mais informação que permita analisar os efeitos da pandemia do coronavírus, o INE decidiu publicar a “Matriz Input/Output” que utiliza nas contas nacionais, um instrumento que, diz, permite simular o impacto de choques na economia portuguesa.

Uma das conclusões que se podem retirar da utilização deste instrumento, revela o INE, é que uma diminuição anual da actividade do sector do turismo, cujas receitas são registadas como exportações de serviços, teria um impacto bastante significativo no valor do PIB.

Assim, utilizando dados relativos a 2017, o INE diz que “uma redução anual, por hipótese de 25%, nas despesas com turismo no território nacional conduziria a uma redução de 2,9% do PIB”.

O sector do turismo tem vindo a ganhar, nos últimos anos, uma importância crescente na economia mundial. Em 2018, o sector correspondeu a 11,3% do PIB, um dos valores mais elevados entre os países da União Europeia. No actual cenário, em que as actividades turistas estão praticamente paradas em todo o globo, esta característica da economia portuguesa constitui uma fragilidade.

A concretização de uma diminuição anual de 25% utilizada nesta simulação do INE depende essencialmente do tempo de duração da actual crise sanitária. Se o turismo estiver parado no país durante um trimestre, a redução de 25% parece ser um cenário provável, mas se a paragem for mais prolongada, ou se o regresso aos valores anteriores for mais demorado, este cenário pode pecar por ser demasiado optimismo.

O que se torna claro é que, apenas olhando para um dos sectores afectados, a economia portuguesa não irá conseguir escapar a uma contracção significativa.

Nesta quarta-feira, o Católica Lisbon Forecasting Labù  NECEP apresentou as suas previsões para a evolução do PIB português durante o primeiro trimestre do ano, um período de tempo em que já se sentiram, especialmente nas últimas duas semanas, impactos muito significativos das medidas de contenção adoptadas para controlar a pandemia.

Como os níveis de incerteza são ainda muito elevados, o NECEP traça dois cenários. No primeiro, classificado como base, a quebra no PIB trimestral em cadeia é de 0,3%.

“Este cenário, relativamente benigno face à gravidade da situação actual, é justificado pelo arranque de ano favorável em termos de consumo, investimento e exportações que foi, entretanto, abruptamente interrompido em Março, como sugerem os indicadores já disponíveis”, diz o relatório.

No segundo cenário, classificado como alternativo, a redução estimada do PIB trimestral é de 1,8%.

Para o total do ano, o NECEP já tinha, na semana passada, apresentado previsões, definindo três cenários. No mais optimista a quebra do PIB em 2020 é de 4%, no cenário central de 10% e no cenário pessimista, que assume um prolongamento no tempo da crise sanitária, de 20%.

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