Coronavírus: Twitter apaga vídeos de Bolsonaro na rua. Violavam recomendações para se conter surto

Nos dois vídeos apagados, o Presidente do Brasil defendeu o fim das medidas de contenção em vigor em muitos estados do país e o uso de cloroquina no tratamento da doença.

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Resposta de Jair Bolsonaro ao novo coronavírus é polémica Reuters/Adriano Machado/Arquivo

O Twitter bloqueou dois vídeos publicados no perfil oficial do Presidente brasileiro sobre a visita que fez este domingo a vários pontos de Brasília, contrariando as recomendações sanitárias para conter o coronavírus.

“Este tweet não está mais disponível porque violou as regras do Twitter”, pode ler-se na conta do perfil do Presidente, Jair Bolsonaro.

Nos dois vídeos apagados, o Presidente do Brasil, de 65 anos, defendeu o fim das medidas de contenção em vigor em muitos estados do país e o uso de cloroquina no tratamento da doença, apesar de a eficácia do medicamento ainda não ter sido totalmente comprovada.

Numa nota enviada aos meios de comunicação locais, o Twitter lembrou que recentemente incluiu nos seus critérios de exclusão mensagens que fossem “contra informações de saúde pública direccionadas por fontes oficiais e que poderiam colocar as pessoas em maior risco de transmitir a covid-19”.

O primeiro dos vídeos bloqueados foi em Taguatinga, uma das cidades satélites da capital brasileira, no qual se via Bolsonaro a conversar com um vendedor ambulante de espetos de carne. “Eu conversei com as pessoas e elas querem trabalhar. É o que eu disse desde o início. Vamos tomar cuidado… Com mais de 65 [anos] deve ficar em casa”, disse o governante.

Por outro lado, defendeu que a cloroquina, um medicamento usado contra a malária e outras doenças, “está funcionando em todos os lugares” contra o novo vírus. Neste domingo, o governo do estado da Bahia (nordeste) anunciou a morte por covid-19 de um homem de 74 anos que havia tomado o medicamento.

No segundo vídeo, num supermercado, volta a motivar aglomerações, critica as medidas de isolamento e diz aos jornalistas que “o país fica imune quando 60, 70% forem infectados” e que um remédio contra o novo coronavírus “já é uma realidade”.

Bolsonaro, por decreto, permitiu que casas de lotarias e templos religiosos continuassem em funcionar, embora a Justiça tenha revogado a medida. No entanto, neste domingo, anunciou que vai recorrer.

Bolsonaro contra Governo

Apesar de o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, ter frisado, no sábado, a necessidade de isolamento social para evitar o avanço da doença, Jair Bolsonaro contrariou as recomendações sanitárias de quarentena no país e passeou pelas localidades de Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, na área metropolitana de Brasília.

As visitas surpresa do Presidente brasileiro, que não constavam da agenda oficial, aconteceram também após várias críticas de Bolsonaro à forma como diversos estados, nomeadamente São Paulo, têm reagido à pandemia.

“Temos o problema do vírus, ninguém nega, mas também a questão do desemprego. O emprego é essencial”, insistiu o chefe de Estado aos jornalistas após a visita a Brasília.

Mais de quatro mil casos

O número de mortos no Brasil devido ao novo coronavírus aumentou para 136. O país ultrapassou os quatro mil casos confirmados da doença, registando 4.256 infectados, informou o Ministério da Saúde do país.

Segundo o Executivo brasileiro, a taxa de mortalidade da covid-19 no Brasil é, neste momento, de 3,2%.

O país sul-americano registou um aumento de 352 infectados e de 25 óbitos nas últimas 24 horas. Todas as regiões do Brasil – norte, nordeste, sudeste, centro-oeste e sul – têm mortes confirmadas.

São Paulo é o estado brasileiro mais afectado, totalizando 98 mortos e 1.451 infectados. Segue-se o Rio de Janeiro com 17 óbitos e 600 infectados e o Ceará que, até ao momento, contabilizou cinco vítimas mortais e 348 casos positivos da covid-19.

O sudeste brasileiro, que engloba os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é a região com o maior número de infectados, totalizando 2.342 casos confirmados do vírus. No lado oposto está a região norte do país, com 227 casos de infecção.