Receio de contágio suspende projecto de expansão do zinco em Neves-Corvo

Cerca de 1200 trabalhadores terão sido afectados pela medida que pode vir a afectar outros profissionais se o couto mineiro for invadido pelo novo surto de coronavírus.

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ADRIANO MIRANDA

O Sindicato dos Trabalhadores da Industria Mineira (STIM) divulgou esta quarta-feira que a Lundin Mining, proprietária da Somincor, “suspendeu temporariamente” o Projecto de ZEP-Expansão do Zinco, nas minas de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde.

Em declarações prestadas ao PÚBLICO, Luís Cavaco, coordenador do STIM adiantou que a decisão tomada pela Lundin Mining pode traduzir-se “no despedimento de cerca de 1200 trabalhadores” que se encontram ao serviço de sub-empreiteiros.

A explicação apresentada ao PÚBLICO por Gonçalo Pernas, porta-voz da Somincor, toma em linha de conta a origem dos trabalhadores envolvidos no Projecto ZEP, na sua maioria oriundos de fora da região e até do estrangeiro. Este facto obriga a deslocações constantes em idas e vindas, sobretudo aos fins-de-semana, pormenor que potencia “o risco de o vírus poder ser trazido para a região do Alentejo na sequência da mobilidade dos trabalhadores”. A opção tomada obriga à suspensão do projecto “adjudicado a uma empresa que tem uma força de trabalho significativa para garantir a protecção e maior isolamento do território” justificou Gonçalo Pernas.

O porta-voz da Somincor escusou-se comentar as declarações do STIM classificando-as de “alarme desnecessário” num contexto que requeria uma “intervenção excepcional.”

Luís Cavaco adianta que as empresas, tanto a Somincor com a Teixeira Duarte que está a executar o projecto ZEP, “estão a cumprir a lei”. De um total de 1300 trabalhadores sub-contratados (1300) cerca de uma centena “ainda” estão em funções, assinala o sindicalista.

O coordenador do STIM refere que vai ser discutida com a administração da Somincor a redução das equipas do fundo da mina para metade, enquanto os restantes devem ficar em casa para alternar com os que trabalham, “para que a produção não corra o risco de vir a cessar”. A “suspensão” da actividade mineira pode vir a colocar em causa a sua retoma, receia o sindicalista.  

Quanto aos mineiros que fazem parte dos quadros da Somincor, “vamos ver no que vai dar num futuro próximo” observa Luís Cavaco, estendendo a sua preocupação aos que trabalham na mina de Aljustrel, onde os sub-contratados “são cerca de 800” presume Luís Cavaco, frisando que o sindicato tem pouca informação sobre o que se passa na empresa Almina que explora o couto mineiro de Aljustrel.

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