Maioria dos brasileiros defende medidas contra o coronavírus que Bolsonaro critica

Mais de 70% dos inquiridos numa sondagem da Datafolha afirma ter medo de contrair o novo coronavírus. Brasil já tem mais de 1200 casos de infecções.

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Imagem de Bolsonaro projectada num prédio em São Paulo durante uma acção de protesto esta semana EPA/Sebastião Moreira

A maioria dos brasileiros tem receio de ser infectada pelo novo coronavírus e apoia medidas de isolamento e distanciamento social, revela este domingo uma sondagem da Datafolha. As conclusões surgem na contramão daquilo que tem sido defendido pelo Presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a sondagem, mais de 70% dos inquiridos diz ter medo de contrair a doença, enquanto apenas 26% dizem nada temer. Ao início do dia, o Brasil registava 1201 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e 18 mortos.

Uma ampla maioria também defende medidas de restrição de movimentos e de distanciamento social, como a proibição de eventos com mais de cem pessoas (95%), suspender viagens de avião para o estrangeiro (94%), suspender as aulas presenciais (92%) e o encerramento das fronteiras (92%).

Outras políticas bem acolhidas pelos brasileiros passam pela suspensão de jogos de futebol (91%), suspender cerimónias religiosas (82%) e encerrar os centros comerciais (84%). O fecho de estabelecimentos comerciais é a medida que reúne menos consenso, com menos de metade (46%) dos inquiridos a demonstrar apoio.

Muitas destas medidas já foram decretadas em vários estados brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde se espera uma propagação mais elevada.

A sondagem realizada pelo instituto Datafolha também mostra que mais de 70% defende uma quarentena geral por um tempo determinado para conter a propagação do coronavírus. O estudo inquiriu 1558 pessoas entre quarta e sexta-feira.

A percepção dos brasileiros esbarra com aquela que tem sido a conduta de Bolsonaro, que tem criticado as medidas de emergência aplicadas em vários estados, como o encerramento de estradas, a proibição de eventos e o fecho de lojas. Bolsonaro tem insistido que os governos estaduais não devem causar “pânico” sob pena de causarem prejuízos à economia brasileira.

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