Regina Guimarães: “As pessoas estão mais protegidas quando falam do que quando calam”
A acusação de censura imputada ao director do Teatro Municipal do Porto pela dramaturga desencadeou uma polémica que ameaça beliscar seriamente o estado de graça quase absoluto que envolvia a política cultural da Câmara desde que Paulo Cunha e Silva começara a inverter a desertificação cultural deixada por três mandatos de Rui Rio.
Poetisa, dramaturga, cineasta, letrista, Regina Guimarães tem também um considerável historial de envolvimento cívico nas lutas culturais do Porto, fiel à sua visão simultaneamente libertária e comunitária da vida em sociedade. Currículo que ela própria resume de forma um pouco mais lapidar: “Tenho fama de arruaceira”. Quando Tiago Guedes decidiu não permitir a distribuição da folha de sala da peça Turismo, encenada por Tiago Correia, porque esta incluía um texto de Regina Guimarães que o director do Teatro Municipal do Porto (TMP) considerou ofensivo para a memória de Paulo Cunha e Silva, era bastante óbvio, portanto, que não ia ficar sem resposta. A dramaturga acusou-o de censura, lançou uma declaração pública já assinada por algumas centenas de pessoas e os seus protestos acabaram por desenterrar outros episódios de alegadas interferências indevidas do TMP no trabalho dos artistas. O caso tem gerado também uma sucessão de textos de opinião nos jornais, e talvez possa dizer-se que os juízos se dividem entre os que acham que se está a fazer uma tempestade num copo de água e os que acreditam que a pressão se vinha acumulando há muito e que Regina Guimarães se limitou a destapar a panela.
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