Ex-accionista chinesa da TAP tenta evitar insolvência

Conglomerado HNA, que até há um ano teve 9% da TAP e é dono da Beijing Capital, que liga Lisboa-Pequim uma vez por semana, pediu ajuda às autoridades de Hainan para tentar evitar colapso.

Foto
Reuters/Jason Lee

O conglomerado chinês HNA – que em Março de 2019 saiu do capital da TAP – solicitou ao governo da província insular chinesa de Hainan, onde tem sede, que lidere um grupo de trabalho que evite a sua insolvência. A situação financeira do grupo, difícil há vários meses, agravou-se precipitadamente com as restrições que o novo coronavírus veio impor no último mês, em termos de viagens aéreas e turismo, os principais negócios da holding chinesa.

Este sábado, 29 de Fevereiro, foi a própria companhia que assumiu, através da sua conta oficial na rede social WeChat, que não conseguiria, sozinha, lidar com o crescente risco de falta de liquidez, conforme noticiou a Reuters.

A HNA é accionista de várias companhias de transporte aéreo de passageiros e carga, entre as quais a Hainan Airlines e a Beijing Capital Airlines – que continua a ligar, uma vez por semana, Lisboa e Pequim.

A Reuters adianta que o grupo de trabalho agora criado é liderado por Gu Gang, presidente da Hainan Development Holdings, uma companhia pública de investimento, detida pelo governo local do arquipélago de Hainan. A equipa integra ainda representantes da Zona de Desenvolvimento Económico de Hainan, a autoridade de aviação civil da região central e sul da China e o Banco de Desenvolvimento da China. Segundo a agência noticiosa, uma das hipóteses em cima da mesa é o governo chinês tomar controlo da HNA, alienando posteriormente os seus activos. 

O HNA foi um dos grupos chineses mais agressivos a investir em aquisições, tendo gasto perto de 50 mil milhões de dólares (45 mil milhões de euros) em todo mundo, juntando activos como a cadeia hoteleira Hilton Worldwide, a participações em bancos (chegou a ter 10% do Deutsche Bank) e de companhias da sua área de negócio noutros países (como a TAP, da qual era accionista via 20% do consórcio Atlantic Gateway, dono de 45% da companhia aérea portuguesa).

Mesmo antes do surto do novo coronavírus ser conhecido, em Dezembro passado, o presidente da HNA, Chen Feng, admitiu que a empresa estava com dificuldades de tesouraria, que levariam inclusive a atrasos no pagamento de salários no final do ano passado, mas que acreditava que a situação iria resolver-se em 2020. A Bloomberg estima que, em meados de 2019, a dívida do grupo já teria baixado, mas situava-se em 525,6 mil milhões de yuan (cerca de 81 mil milhões de euros ao câmbio actual).

Com o avanço do novo coronavírus e as restrições impostas pelas autoridades chinesas e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Hainan Airlines e outras companhias mais directamente afectadas têm tentado atenuar os seus prejuízos, pondo por exemplo os trabalhadores estrangeiros em licença sem vencimento, explica a Reuters. Mas nada as protege da redução drástica da procura e dos pedidos de indemnização por voos não realizados até agora.

Sugerir correcção
Comentar