Reino Unido examina nove casos suspeitos do novo coronavírus

Pacientes do Reino Unido aguardam pelo resultado dos exames. Número de vítimas mortais na China sobe para 18. OMS diz que ainda é cedo para declarar emergência global. Comissão Europeia diz estar a acompanhar a situação.

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Número de mortes subiu esta quinta-feira para 18 Reuters/ALY SONG

As autoridades de saúde do Reino Unido avançaram esta quinta-feira que 14 pessoas foram submetidas a exames médicos por suspeita de infecção com o novo coronavírus. Em cinco dos cidadãos não foi detectada a presença do vírus, os restantes nove ainda aguardam pelos resultados.

Cinco destes casos sob suspeita no Reino Unido foram identificados na Escócia. “Depois de viajarem para Wuhan, duas pessoas que foram diagnosticadas com gripe estão agora a ser examinadas para o novo coronavírus. Outras três também foram submetidas a exames como medida de precaução”, disse um porta-voz do executivo em comunicado. As autoridades sublinham que os exames ainda não foram concluídos e que não há até ao momento qualquer diagnóstico positivo. Nos cinco casos, trata-se de pessoas que visitaram a cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto, nas últimas duas semanas.

Em todo o mundo, há casos confirmados na China (incluindo Macau e Hong Kong), Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, EUA, Singapura e Vietname. O Ministério da Saúde brasileiro descartou esta quinta-feira à noite cinco casos suspeitos de coronavírus no país, acrescentando que está em alerta para o risco de transmissão da doença.

Mortes sobem na China

Na China, as autoridades de saúde avançaram esta quinta-feira que um paciente infectado com o novo coronavírus morreu, elevando o número total de mortes para 18. Esta foi a primeira morte confirmada fora da província de Hubei, onde se situa a cidade de Wuhan. Há neste momento três cidades chinesas sob quarentena, numa medida que abrange 20 milhões de pessoas.

Os primeiros casos do vírus “2019 – nCoV” apareceram em meados de Dezembro em Wuhan, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral. Em todos os casos, os doentes trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes de Wuhan. As autoridades desconhecem ainda a origem exacta da infecção, mas vários indícios apontam para animais infectados, que são comercializados vivos e que terão transmitido a doença a humanos. Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe comum e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.

As autoridades de saúde da China actualizaram esta quinta-feira para 584 o número de pessoas infectadas com o novo tipo de coronavírus. A Comissão Nacional de Saúde da China disse que, até à meia-noite da quarta-feira, tinha contabilizado o mesmo número de casos confirmados em 25 províncias e regiões do país. Na quarta-feira, as autoridades tinham registado 131 novos casos.

Até ao momento, os serviços de saúde chineses acompanham 5897 pessoas que mantiveram contacto próximo com pacientes infectados e, dessas, 4928 estão em observação. De acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China, o período de incubação do vírus pode estender-se até 14 dias.

OMS não declarou emergência, Bruxelas equaciona medidas preventivas

A Comissão Europeia disse esta quinta-feira estar a acompanhar, “de forma bastante próxima”, a evolução do novo coronavírus, garantindo estar pronta para adoptar medidas preventivas para evitar o contágio na União Europeia (UE), apesar de a Organização Mundial de Saúde ter voltado a afirmar que ainda é cedo para declarar uma emergência global.

De acordo com o porta-voz do executivo comunitário Stefan de Keersmaecker, “a Comissão está pronta para tomar as precauções que se verificarem necessárias para cumprir as recomendações da Organização Mundial de Saúde [OMS]”. Estão ainda a ser realizadas reuniões internas sobre o assunto na Comissão Europeia. “Ontem [quarta-feira], a Comissão promoveu uma segunda reunião do comité de saúde pública, que discutiu o nível de risco e as potenciais consequências para a UE”, exemplificou Stefan de Keersmaecker.

O vírus está ainda a ser monitorizado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, organismo europeu que identifica ameaças para a saúde e que já “aumentou o risco de este vírus entrar na UE de baixo para moderado”, adiantou o porta-voz, explicando que isso se deveu ao risco de contágio de pessoa para pessoa.

Portugal com dispositivos preparados

Na quarta-feira, Portugal anunciou o reforço dos dispositivos de saúde pública perante a possibilidade de futuros casos do novo coronavírus. Eventuais casos suspeitos serão encaminhados para os hospitais de São João (adultos e crianças), no Porto, e Curry Cabral (adultos) e Dona Estefânia (crianças), ambos em Lisboa. A linha SNS 24 também está preparada para prestar atendimento a possíveis casos. Sob a alçada da Direcção-Geral de Saúde estão em prevenção o INEM e o Instituto Ricardo Jorge, responsável por eventuais análises laboratoriais.

No entanto, e de momento, a probabilidade do surgimento de casos suspeitos em Portugal é considerada baixa.