Tudo começou no Natal de 2004, após uma tarde de esqui perto do resort de Les Arcs, em França. Simon Beck precisava de fazer exercício, então decidiu caminhar até completar, com os seus passos, o desenho de uma estrela e de alguns círculos. Quando a neve voltou a cair, e apagou a sua obra, voltou a fazer o mesmo — desta vez, com um traçado mais complexo.
Na altura, o cartógrafo britânico fazia provas de orientação, e não via aquilo que haveria de chamar “snow art” como uma prioridade, como confessa na sua página oficial. Até que comprou uma câmara fotográfica digital e começou a partilhar as suas criações nas redes sociais. Em 2009, por fim, decidiu levar o passatempo “a sério”. É até hoje o seu “principal desporto de Inverno”, conta em entrevista ao My Modern Met.
Para o artista, cuja maior parte do trabalho é desenvolvido em Les Arcs, onde tem casa, “o grosso dos desenhos são variações de outros que já foram feitos”. “Se um milímetro [numa folha A4] equivaler a um passo, essa folha é um dia de trabalho.” Completar um desenho do tamanho de um campo de futebol “dura quatro horas”. Se tiver que deixar um desenho incompleto, tem de ficar simétrico “para ficar bem nas fotos”. “Em condições fáceis consigo trabalhar até cerca de 12 horas sem me cansar”, conta. Ou seja, um dia de sol, com vento fraco e solo uniforme, com cerca de 23 centímetros de neve.
As obras levam em média “apenas” dez horas a completar. O planeamento é feito com uma bússola e as distâncias medidas com fita métrica ou contando os passos. E claro que, por vezes, há enganos. “O remédio típico é alterar o desenho”, diz, ao mesmo portal. “Às vezes fazem-se as pazes com uma linha errada”, confessa, mas “o importante é proceder de maneira a prevenir pequenos erros de se amontoarem a uma quantidade que se note”.
Até 2018, Simon Beck já contabilizava cerca de 300 criações, como contou ao Artsy. Já fez intervenções nos EUA, Canadá e Japão — e até já trabalhou em areia. Cada obra pode durar até duas estações, mas, como são intervenções “completamente efémeras”, o “principal é tirar as fotografias”. Muitas delas já figuram num livro de mesa lançado em 2014.
“Ver a textura da neve e o seu aspecto quando iluminada” é o que o mais fascina no seu trabalho. E, claro, o prazer de “somente andar” e "estar na neve”.