Presidente marca prioridades para 2020 e a saúde é a primeira
Marcelo Rebelo de Sousa fez a mensagem de Ano Novo a partir da ilha mais pequena dos Açores, o Corvo, onde quis passar a passagem de ano.
O Presidente da República definiu quais as prioridades que quer ver o Governo a dar atenção em 2020 e por uma ordem que não é aleatória: a saúde é a primeira, depois a segurança, em terceiro lugar a coesão e inclusão social, seguida do conhecimento e só por último o investimento.
Marcelo Rebelo de Sousa quer que 2020 seja um ano melhor do que 2019 em Portugal e isso não se faz apenas de desejos, como deixou claro, mas de trabalho efectivo: “Esperemos e trabalhemos. Trabalhemos e não só esperemos porque nesse trabalho, nesse labor, olhando à escassez de recursos, há prioridades a determinar. Concentremo-nos em 2020 na saúde, segurança, coesão e inclusão social, conhecimento e investimento”, afirmou.
Nada foi deixado ao acaso na mensagem de Ano Novo que Marcelo Rebelo de Sousa quis fazer este ano, mais cedo e mais longe, a partir da ilha do Corvo, a mais pequena dos Açores. Marcelo já tinha dito aos jornalistas, na última noite de 2019, que esta seria a sua última mensagem com conteúdo claramente político do mandato, uma vez que, na mensagem de Ano Novo do próximo ano, estaremos a 20 dias das eleições presidenciais.
Escolheu estar mais próximo dos mais pequenos e dos mais distantes para lhes fazer uma promessa: “Para todos vai o meu abraço caloroso, compungido por aquilo em que falhámos, abraço empenhado naquilo que queremos fazer para que 2020 seja melhor do que 2019. Um ano melhor é o meu voto amigo, e mais do que isso, o meu assumido compromisso”.
Um governo “forte, concretizador e dialogante”
O chefe de Estado assume, assim, a um ano de eleições, o compromisso de estar ao lado do povo e as prioridades que estabeleceu nesta mensagem deixam isso bem claro. Depois de falar para a diáspora e para o mundo, deixou um longo caderno de encargos ao Governo embrulhado em mensagem de esperança.
“Em Portugal, esperança quer dizer governo forte, concretizador e dialogante, para corresponder à vontade popular, que escolheu continuar o mesmo caminho mas sem maioria absoluta. Oposição também forte e alternativa ao Governo, capacidade de entendimento entre partidos quando o interesse nacional assim o exija”, afirmou Marcelo, antes de começar a desfiar prioridades sectoriais.
“Justiça respeitada porque atempada e eficaz, no combate à ilegalidade e à corrupção. Forças Armadas por todos tratadas como efectivo símbolo de identidade nacional. Forças de segurança apoiadas para serem garantes de autoridade democrática. Comunicação social resistente à crise financeira que a vai corroendo. Poder local penhor de maior coesão social, descentralizando com determinação e sensatez. E para tudo isto ser possível, crescimento, emprego, e preocupação climática duradouros. Inovação em ciência e tecnologia. Mobilização cívica para, com esse crescimento, enfrentarmos chocantes manchas de pobreza, estrangulamentos na saúde, carências na habitação, urgências com cuidadores informais e sem-abrigo”.
Fazer tudo isto, afirmou, será “uma razão mais para acreditar em Portugal”. E justificou então a opção pelo lugar que escolheu para o Ano Novo: “Isto dito daqui, do Corvo, onde os corajosos açorianos há séculos que tudo arrostam, mas ficam, e dito no dia em que perfazem 40 anos sobre o devastador sismo que provocou dezenas de mortos (...) e sendo um teste à vontade de tantos tão abnegados, dito aqui tem uma força muito maior e mais profunda: é por sermos assim, por acreditarmos na nossa terra, na nossa pátria, nas nossas gentes, que temos quase 900 anos de História. Nós nunca, nunca, desistimos de Portugal”, concluiu.
“2020 será um ano de começo de um novo ciclo, no mundo, na Europa e Portugal. Ciclo que têm de ser de esperança”, começara por dizer, apontando o que, em seu entender, seria uma mensagem de esperança no mundo e na Europa. Com as alterações climáticas como prioridade repetida, o chefe de Estado desejou também que fossem superadas “as ameaças de guerras comerciais entre grandes potências”, que fossem encontradas “soluções conjuntas para emigrantes e refugiados”, que fosse possível a “construção de pontes em clima de relações de todos com todos”, o respeito pelos direitos humanos e a procura de paz nos conflitos que agitam Ásia, América Latina e África.
Na Europa, considerou que sinais de esperança seriam ver os governantes eleitos em 2019 a marcarem “posição com peso no mundo”, a darem “uma resposta vital no acordo com os britânicos” e a saírem “das suas torres de marfim para se aproximarem dos europeus" e reforçar a unidade interna.