Chega admite colocar mais cartazes com a palavra “vergonha”

Vice-presidente do partido defende que “é preciso reforçar” a mensagem de André Ventura, depois de o deputado ter sido advertido pelo presidente do Parlamento pelo uso considerado excessivo da palavra “vergonha”.

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Francisco Romão Pereira

O partido de André Ventura admite colocar novos cartazes com a palavra “vergonha” idênticos àquele que foi afixado, neste domingo à tarde, mesmo ao lado do Parlamento. “O cartaz é uma resposta ao ataque no mínimo bizarro do presidente da Assembleia da República ao deputado do Chega, André Ventura”, declarou nesta segunda-feira ao PÚBLICO o vice-presidente do partido, Diogo Pacheco Amorim.

“A ideia de colocar mais cartazes está a ser ponderada pelo partido e visa reforçar a mensagem do deputado e presidente do Chega, André Ventura, que não se vai calar perante uma imposição arbitrária neste caso do presidente da Assembleia da República”, acrescentou o dirigente partidário, afirmando não haver “nenhuma razão para o presidente da Assembleia da República ter repreendido o deputado do Chega, uma vez que não infringiu o regimento da Assembleia da República”.

O cartaz sobre um fundo azul-escuro e com letras garrafais, no qual sobressai a palavra “vergonha”, surge depois de na semana passada, no debate quinzenal de quinta-feira, o deputado do Chega ter sido repreendido pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, por ter usado a palavra “vergonha” durante a sua intervenção, quando falava sobre o tema da remoção de amianto das escolas públicas.

“Era uma surpresa para amanhã segunda-feira]”, afirmou no domingo o líder do partido, André Ventura, ao jornal Correio da Manhã, explicando que o cartaz tem dois objectivos: “O primeiro é mostrar que não vão calar o partido; o segundo é mostrar que o que se passa no hemiciclo é uma vergonha”. “Com atitudes como as que teve Ferro Rodrigues, os portugueses sentem cada vez mais que o que se passa na Assembleia da República e no sistema político português é uma vergonha”, disse André Ventura.

Diogo Pacheco Amorim, que já foi chefe de gabinete do grupo parlamentar do CDS quando este era presidido por Manuel Monteiro, defende que o partido deve expressar o seu desconsentimento perante o que aconteceu e afirma: “O cartaz é uma manifestação pública clara do partido que não se vai calar. André Ventura usará o termo ‘vergonha’ ou outro qualquer termo desde que não seja ofensivo nem insultuoso”.

O vice-presidente considera “extemporânea” a reacção de Ferro Rodrigues que, no debate quinzenal perante o uso da palavra vergonha, repreendeu o deputado do Chega, declarando: “O senhor deputado utiliza a palavra ‘vergonha’ e ‘vergonhoso’ com demasiada facilidade, o que ofende muitas vezes todo o Parlamento e ofende-o a si também”.

Diogo Pacheco Amorim recusa o epiteto de ideólogo na sombra do líder do Chega, como noticiou o Expresso este sábado, e garante que é apenas uma das pessoas que colabora com André Ventura. “É evidente que colaboro com ele – é uma colaboração empenhada, mas que não é exclusiva , mas não tenho a pretensão de ser o seu mentor”, declara, notando que André Ventura é o único deputado do partido no Parlamento e que "tem de acompanhar 14 comissões”.

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