A polícia do Nepal prendeu o cunhado de uma jovem que morreu depois de esta ter sido banida para uma “cabana menstrual”. Trata-se da primeira prisão feita com vista a terminar com uma prática antiga, levada a cabo porque se acredita que as mulheres menstruadas podem ser responsáveis por desastres naturais ou outros acidentes, uma vez que estão “impuras”.
O corpo de Parbati Buda Rawat, 21 anos, foi encontrado na segunda-feira depois de a jovem ter deitado fogo a uns paus para se aquecer numa cabana de barro e pedra, acabando por morrer asfixiada, no distrito de Achhan, no oeste do Nepal. A mulher é a mais recente vítima de um costume ancestral, com o nome de “chhaupadi”, e que é proibido desde 2005.
“É a primeira vez que prendemos uma pessoa relacionada com uma morte por causa do costume chhaupadi”, declara o director distrital de Achham, Bhoj Raj Shrestha, à Thomson Reuters Foundation.
O costume continua a prevalecer no oeste remoto do Nepal, onde algumas comunidades temem o infortúnio, como um desastre natural, a menos que as meninas e as mulheres menstruadas sejam enviadas para longe, para cabanas de animais.
Chhatra Rawat, 25 anos, cunhado da vítima, foi preso na capital do distrito, Mangalsen, para se apurar se foi o responsável por enviá-la para a cabana ilegal. Se tal se provar, será acusado e se for considerado culpado, poderá ser condenada até três meses de prisão e uma multa de até 3000 rúpias nepalesas (23 euros).
Uma vila de Doti, um distrito vizinho, anunciou nesta semana que dará uma recompensa de 5000 rúpias (39 euros) a cada mulher que se recuse a ficar confinada a uma cabana durante o período menstrual, na esperança de que isso impeça as famílias de tentar banir as mulheres.
A indignação levou a uma investigação parlamentar sobre chhaupadi depois que uma adolescente e uma mãe e os filhos morreram em dois incidentes semelhantes no início deste ano.