Líder da Renamo diz estar “sob pressão” face à “fraude eleitoral” em Moçambique

Organização da sociedade civil diz que houve enchimento de urnas generalizado em todos os distritos. Em todo o país, houve mais votos para Presidente do que para a Assembleia da República, e os votos extras foram todos para Filipe Nyusi, revela CIP.

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Ossufo Momade: a Renamo já pediu a repetição das eleições Lusa

Ossufo Momade, líder da Renamo, disse que o seu partido, a principal força da oposição moçambicana, está “sob pressão” para fazer tudo em prol da verdade eleitoral, face à “escandalosa fraude” nas eleições.

“O partido Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] tem estado a receber pressão de todos os quadrantes da sociedade moçambicana e não só de modo a fazermos tudo para repor a verdade eleitoral”, declarou Momade, na abertura de uma sessão extraordinária da Comissão Política Nacional esta segunda-feira para analisar as eleições gerais de 15 de Outubro.

Os resultados parciais já anunciados e todas as projecções apontam para uma enorme vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência.

No sábado, a Renamo pediu a repetição das eleições, e afirmou ter sido violado o acordo de cessação de hostilidades, que serviu de base ao acordo de paz de 6 de Agosto. “Contrariamente a essa vontade comum e genuína [de eleições livres, justas e transparentes], tivemos, vergonhosamente, as eleições mais fraudulentas jamais vistas no nosso país e no mundo inteiro”, frisou Ossufo Momade.

Missões de observação eleitoral nacionais e internacionais, da União Europeia e Estado Unidos anunciaram ter dúvidas e preocupações sobre a qualidade do processo eleitoral, do recenseamento à votação.

Uma análise divulgada esta segunda-feira pelo Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização da sociedade civil moçambicana que acompanha todas eleições desde 2005, diz que “os resultados de apuramento distrital revelam que houve enchimento de urnas generalizado em todos os distritos, tanto através da introdução física de boletins de votos extras nas urnas ou através da adulteração de editais de apuramento parcial”. O objectivo, diz o CIP, seria atribuir Filipe Nyusi (FRELIMO) “mais votos do que os depositados nas urnas”.

Além disso, “19 dos 138 distritos tiveram uma afluência de acima de 75% e mais de 80% dos votos foram para Filipe Nyusi, diz o relatório da CIP. “Em todo o país, há mais votos para Presidente do que para a Assembleia da República, e os votos extras são todos para Nyusi – provavelmente resultado de muitas pessoas em todo o país terem introduzido boletins de voto extras nas urnas. Há pessoas que foram encontradas com boletins de voto extras e durante as contagens houve relatos de vários boletins de voto dobrados juntos, sinal de que foram introduzidos juntos.”