Loures recebe terrenos à beira-Tejo para criar grande parque verde

Acordo com duas empresas permite acelerar trabalhos na zona que vai receber a Jornada Mundial da Juventude em 2022.

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Os terrenos em causa Rui Gaudencio

Está dado o primeiro passo para requalificar uma vasta área nas margens do Trancão e do Tejo que hoje está vedada ao usufruto público. A câmara de Loures assinou protocolos com as duas empresas que detêm terrenos na margem esquerda do Trancão e pode em breve criar ali um novo espaço verde, com caminhos pedonais e cicláveis que permitirão ligar Vila Franca de Xira a Cascais.

Os protocolos, celebrados com a Petrogal e a Tavares e Companhia – Cortiças SA, prevêem “a cedência antecipada de uma parte desses terrenos para o município”, que depois “será contabilizada quando estiver pronto o plano de pormenor”, explicou Bernardino Soares, presidente da câmara de Loures.

Ou seja, em vez de esperar pela elaboração do plano de pormenor para a zona, onde obrigatoriamente estarão previstas cedências privadas à câmara, 18 hectares de terreno vêm já à posse da autarquia, evitando a morosidade habitualmente associada a estes planos. Bernardino Soares garante que “não há nenhum condicionamento” nem “nenhum compromisso concreto” para a aprovação do plano, que seguirá os trâmites normais. O que há é um compromisso para que os seus termos de referência estejam concluídos no prazo de seis meses.

A pressa da autarquia justifica-se com a necessidade de ter os terrenos limpos e acessíveis a tempo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza em 2022 numa área entre os municípios de Lisboa e Loures.

Bernardino diz que a JMJ pode ser ainda mais frutífera se o parque de contentores da Bobadela for desactivado, uma aspiração muito antiga do município que o próprio lembrou ao PÚBLICO em Janeiro, logo depois de anunciada a vinda do Papa a Portugal. “Seria melhor se conseguíssemos planear todo aquele território”, afirma o autarca, sublinhando que “há 6,2 quilómetros de Tejo que estão vedados ao usufruto da população.”

O município tem estado a trabalhar, até com entidades externas, para que os contentores saiam mesmo dali, mas a decisão final caberá ao Governo, já que o parque pertence à Infra-Estruturas de Portugal e tem uma importância estratégica para a economia nacional. “Temos vindo a sinalizar que se comece a aliviar aquela zona”, frisa o autarca.

Quanto aos terrenos que agora passam para a autarquia, a intenção é criar ali “um parque contínuo junto ao rio” que “valoriza imenso o território metropolitano” pois permite a ligação, por bicicleta, “entre Vila Franca e o Guincho”, diz Bernardino Soares. “Estamos confiantes de que até ao fim do ano estará aprovado.”

A zona que a JMJ vai ocupar do lado de Lisboa é um aterro sanitário que, depois do evento, permitirá a expansão do Parque Tejo, prevista há mais de 20 anos. A unir as duas margens do Trancão vai surgir uma ponte pedonal e para bicicletas, de que a câmara de Lisboa se está a encarregar.

Para os terrenos que a Petrogal e a Tavares e Companhia não cederam, o Plano Director Municipal de Loures prevê sobretudo equipamentos e 30% para outros usos (habitação, serviços, etc.).

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