Em Guimarães, a palavra de ordem é ilustrar

A segunda edição do evento começa neste sábado e estende-se até 31 de Dezembro, com exposições de ilustradores portugueses do presente e do passado, com conferências e ainda um concurso para alunos do ensino secundário e do ensino superior.

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Ilustração de Jorge Silva para Jornal Combate (2000) cortesia Bienal de Ilustração de Guimarães
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Ilustração de Tiago Manuel, director artístico da bienal cortesia Bienal de Ilustração de Guimarães

O Palácio Vila Flor, ali pegado ao centro cultural com o mesmo nome, recebe, a partir deste sábado, uma exposição com 120 ilustrações, criadas pelas mãos de 54 autores, alguns deles regularmente presentes na imprensa nacional e internacional como André Carrilho (Diário de Notícias e a revista New Yorker, por exemplo) ou Cristina Sampaio (PÚBLICO e The Wall Street Journal). Todos esses trabalhos são candidatos a prémios monetários, entregues nesse mesmo dia, que marca o arranque da segunda edição da Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG), à qual o PÚBLICO se associa neste sábado com uma edição totalmente ilustrada.

“Os trabalhos dos artistas são expostos com grande dignidade”, afirma ao PÚBLICO o director artístico, Tiago Manuel. “O país é muito pequeno, mas a qualidade dos artistas portugueses é excepcional num terreno que é dificílimo e que levanta questões conceptuais e tecnológicas”, frisa ainda este artista plástico com mais de 40 anos de carreira.

Proposta à Câmara Municipal de Guimarães no final de 2016, a bienal foi aprovada em Janeiro de 2017 e ganhou vida no último trimestre desse ano. “Em Guimarães, há a preocupação de trabalhar as artes e a cultura, pelo que a proposta pareceu-nos fazer sentido”, diz Rui Bandeira Ramos, director técnico da bienal.

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João Fazenda, vencedor do Grande Prémio em 2017, vai ter a exposição "Longos Dias" no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitectura cortesia Big

Com o intuito de “dignificar o artista”, a BIG atribui um prémio de 5000 euros ao trabalho vencedor (Grande Prémio) e um outro de Revelação, no valor de 1000 euros. Responsável por um apoio de 40.000 euros ao evento, o município adquire ainda cinco obras por 500 euros cada uma (prémios Aquisição). As escolhas são feitas por um júri, que inclui João Fazenda, vencedor do Grande Prémio em 2017. Impossibilitado de concorrer nesta edição, o ilustrador com obras publicadas em órgãos como a revista Visão ou o The New York Times vai ter uma exposição própria, também a partir de sábado — Dias Longos, no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitectura.

Atenta aos nomes que fazem a ilustração portuguesa de hoje, esta bienal olha também para quem já a fez, através do Prémio Carreira. Atribuída a Luís Filipe de Abreu em 2017, a distinção cabe, neste ano, a Jorge Silva, artista que vai apresentar a exposição As sete vidas do Senhor Silva — a de ilustrador, com publicações em jornais como o Expresso e O Independente, mas também as de designer, director de arte (no PÚBLICO, por exemplo), comissário de exposições, professor, investigador e coleccionador — tem mais de 60.000 peças ligadas à ilustração e design na biblioteca pessoal. Jorge Silva fez ainda a curadoria na edição especial ilustrada do PÚBLICO deste sábado.

“São sete fatias da minha vida profissional. Não há um fio cronológico, mas um fio orgânico em função destas parcelas”, diz ao PÚBLICO, sobre a mostra a inaugurar no sábado, às 11h, no Centro Internacional de Artes José de Guimarães. No mesmo espaço, vai estar patente a exposição Ilustração ou não, com curadoria de António Gonçalves, que procura reflectir sobre os limites da arte, a partir da intervenção de artistas surrealistas como Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas.

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A exposição "Ilustração ou não", com curadoria de António Gonçalves, procura reflectir sobre os limites da arte, a partir da intervenção de artistas surrealistas como Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas cortesia bienal de ilustração de guimarães

O curador é, aliás, responsável pela conferência “Ilustração ou Não”, agendada para 2 de Novembro. Esse ciclo fica completo com as intervenções de Pedro Moura, em 25 de Outubro, e de Isabel Baraona, em 6 de Dezembro. O programa contempla ainda uma exposição, com inauguração prevista para 2 de Novembro, no âmbito do Prémio Especial Ensino BIG, destinado a alunos do ensino secundário e do ensino superior do concelho.

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