CDS volta a meter-se num táxi e Assunção Cristas sai de cena
Naquela que provavelmente foi a noite eleitoral mais curta da democracia para o CDS, Assunção Cristas marcou congresso antecipado e disse que não se recandidatará à liderança.
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Foi provavelmente a noite eleitoral mais curta da história da democracia para os centristas. Desde o encerramento das urnas, Assunção Cristas apenas precisou de uma hora para perceber a desgraça que lhe tinha acontecido a ela e ao partido.
Perante o mau resultado que as projecções apontam, Cristas anunciou que vai convocar o conselho nacional para pedir um congresso antecipado, ao qual não se recandidatará. Deu os parabéns a António Costa e desejou-lhe “sucesso na condução dos destinos do país”.
“Durante quatro anos o CDS foi uma oposição forte e construtiva a um Governo socialista que estava apoiado pelo BE e pela CDU e também pelo PAN. Muitas vezes sentimos que fomos uma voz isolada no Parlamento. Construímos um projecto alternativo para o país que, claramente não foi escolhido nestas eleições”, afirmou de seguida, falando na sede do CDS em Lisboa.
Acompanhada por um largo grupo de dirigentes, a líder do CDS assumiu o resultado do seu partido “com humildade democrática” e avançou com a frase que marcou a noite eleitoral centrista: “Perante este resultado, pedirei a convocação do conselho nacional do CDS, com vista à realização de um congresso antecipado. Da minha parte entendo que dei o meu melhor durante quatro anos, mas em face dos resultados, tomei a decisão de não me recandidatar.”
Acrescentou ainda ter a certeza que o CDS, “partido estruturante da nossa democracia, encontrará forma de construir o seu futuro” e “contribuir para a construção de uma alternativa de centro e direita em Portugal”.
Já depois de discursar e de sair do púlpito, ao ser questionada se vai assumir o lugar de deputada no Parlamento, Cristas nada mais quis adiantar. “Não tenho mais nada a dizer nesta noite”, afirmou. Em apenas um minuto e meio estava tudo dito.
TEM avança com candidatura
O líder da tendência do CDS Esperança e Movimento, Abel Matos Santos, deverá avançar com uma candidatura à presidência do partido no congresso antecipado.
Em declarações ao PÚBLICO, Abel Matos Santos saudou a decisão de Cristas e a sua direcção se afastarem “perante um dos piores resultados de sempre e uma derrota estrondosa”. “A partir daqui, trabalhar para uma solução alternativa. O CDS precisa de ser resgatado e de recuperar os seus valores”, afirmou.
Entre os elogios a Cristas e o estado de choque
O eurodeputado do CDS-PP Nuno Melo destacou este domingo a dignidade de Assunção Cristas, ao anunciar que vai abandonar a liderança do partido perante “o mau resultado” nas eleições, escusando-se a fazer especulações sobre a sucessão. “Obviamente que o resultado é mau, não há como dizer que este resultado é bom”, disse Nuno Melo, na RTP, considerando que a reacção da presidente do partido é “expectável e lúcida tendo em conta as projecções”.
O eurodeputado do CDS-PP afirmou que compreende a atitude da presidente do partido, sublinhando que, até ao congresso, “vai ser um tempo de reflexão profunda em relação ao que sucedeu e ao que deve ser os objectivos programáticos no futuro”. Questionado se irá candidatar-se à liderança do partido, Nuno Melo referiu que não faz “especulações a propósito dessa sucessão”.
“Não é seguramente o momento para conjecturar, falar e dizer o que seja a propósito de sucessores. É até um desrespeito em relação a todos aqueles que se candidataram a deputados”, frisou, afirmando que, com este resultado, “há muitos e bons deputados do CDS que têm prestado relevantes serviços ao país na Assembleia da República que poderão não ser eleitos”. Nuno Melo justificou ainda o resultado com a dispersão de votos à direita e a bipolarização nítida entre o PSD e o PS.
Já Filipe Lobo d"Ávila, do grupo “Juntos pelo Futuro” do CDS, afirmou-se "em estado de choque” com os resultados do partido nas legislativas, acrescenta estar “consciente das responsabilidades”, mas não esclarece se poderá candidatar-se no próximo congresso. “Em estado de choque num dos dias mais tristes da minha vida política no CDS, mas consciente das responsabilidades que um resultado destes tem para todos nós no CDS. Sempre CDS. Nos bons e nos maus momentos”, escreveu Lobo d"Ávila na sua conta do Facebook. Lobo d"Ávila, ex-deputado e membro do conselho nacional do CDS, só deverá fazer novas declarações nos próximos dias, disseram à Lusa fontes partidárias.