Incêndios na Amazónia levam H&M a boicotar couro brasileiro
Os graves incêndios na Amazónia levaram a H&M a suspender a compra de couro proveniente do Brasil, juntando-se assim a marcas como a Vans e a Timberland.
A cadeia sueca Hennes and Mauritz (H&M) decidiu suspender a importação de couro proveniente do Brasil devido à crise ambiental provocada pelos incêndios na Amazónia, anunciou o grupo retalhista esta sexta-feira, 6 de Setembro.
No comunicado, a companhia refere não só os incêndios, mas também a relação deste “com a criação de gado” como motivos para suspender temporariamente a compra de couro no Brasil. A suspensão estará activa “até que haja garantia credível que o couro não afecta o ambiente na Amazónia”, acrescenta.
Segundo a agência noticiosa Reuters, uma porta-voz da H&M garantiu que a maioria do couro da marca tem origem na Europa e apenas uma pequena parte do Brasil.
A empresa sueca junta-se assim a outras companhias como a VF Corporation – responsável por marcas como Vans, North Face e Timberland - que na semana passada suspendeu também a importação de couro do Brasil, indica a agência Lusa. As marcas têm vindo a pedir esclarecimentos ao Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) sobre a sustentabilidade dos produtos.
As cessações da compra de couro tinham sido também incentivadas pela Greenpeace que apelou à comunidade internacional um boicote aos produtos brasileiros provenientes de áreas desflorestadas, como forma de colocar pressão económica sobre a indústria do país. Pelos últimos dados do CICB citados pela Reuters, o Brasil exportou o equivalente a 1,44 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) em couro bovino em 2018. Os principais destinos são os EUA, China e Itália.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de Agosto, sendo a Amazónia a região mais afectada. Só em Agosto, foram 30.901 os focos de incêndio registados, número que é praticamente o triplo relativamente ao mesmo mês do ano passado.
O Brasil tem estado sob pressão internacional devido à situação na Amazónia. Vários foram os protestos mundiais – inclusive em Portugal – para tentar pressionar a presidência de Jair Bolsonaro a actuar na protecção do património natural. Mas Bolsonaro defende que é preciso explorar a Amazónia, flexibilizar a fiscalização nas áreas protegidas e legalizar a mineração nas reservas indígenas.