António Costa recebido no Porto por protesto de trabalhadores da STCP
Trabalhadores querem ser ouvidos sobre memorando levou à intermunicipalização da empresa.
O primeiro-ministro, António Costa, foi nesta quarta-feira recebido no Porto por um protesto dos trabalhadores da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que dizem “não ter sido tidos nem achados” na negociação que levou à intermunicipalização da empresa.
“E nós não somos ouvidos? Exigimos respeito!”, lê-se na faixa colocada pelos trabalhadores junto ao Museu do Carro Eléctrico, no Porto, onde esta manhã é assinado o memorando de entendimento para a intermunicipalização da STCP.
António Costa chegou às 11:30, tendo sido recebido pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, bem como por vários autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP), mas sem ter contactado com o grupo de trabalhadores presentes à porta.
Em declarações à agência Lusa, antes da chegada de António Costa, o representante dos trabalhadores, Pedro Silva, apontou que os trabalhadores “não têm sido tidos nem achados” na negociação do memorando, lamentando que os órgãos representativos dos trabalhadores (ORT) “não tenham tido acesso oficial ao documento” que hoje é assinado.
Pedro Silva contou que a Comissão dos Trabalhadores (CT) foi convidada a estar presente na cerimónia, mas declinou o convite por considerar que “não podia aceitar um convite para estar nas festas quando no que realmente é importante, o futuro, não há diálogo”.
“Queremos ser ouvidos. Há muitas preocupações que temos de partilhar com o Governo. Exigimos saber se os direitos dos trabalhadores vão ser garantidos com esta passagem da empresa para as câmaras. Sentimos que nem estas estão unidas e em consonância, e isso é preocupante”, disse Pedro Silva.
O anúncio de que os ORT da STCP não aceitariam o convite para estar na cerimónia desta manhã já foi feito na segunda-feira, em comunicado, no qual referiam que tinham feito vários pedidos de reunião ao Ministério do Ambiente e dirigido apelos a António Costa.
O representante dos trabalhadores contou esta manhã à Lusa que os ORT foram, entretanto, contactados e foi-lhes sugerido reunir esta manhã antes da reunião, convite que também declinaram, tendo esta ficado adiada para segunda-feira.
“Era muito em cima da hora. Não puderam ou não quiseram antes e agora, só para não estarmos aqui, já podiam”, explicou Pedro Silva.
Confrontado com esta questão e com a presença dos trabalhadores à entrada para a cerimónia, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, também descreveu as diligências feitas para marcar uma reunião para esta manhã e garantiu que os ORT serão recebidos na segunda-feira.
“Só ontem [terça-feira] à noite recebi as dúvidas e preocupações dos trabalhadores e nada têm a ver com este memorando. Falam de questões sobre os limites dos transportadores privados ou sobre investimento e isso tem a ver com a autoridade de transportes. Este memorando não tem consequências na vida dos trabalhadores e o decreto-lei até tem garantias em matéria laboral que vão muito além da municipalização”, afirmou João Pedro Matos Fernandes.
O ministro do Ambiente falava aos jornalistas à entrada para o Museu do Carro Eléctrico, a alguns metros do local onde permanecia o grupo de trabalhadores composto por cerca de duas dezenas, mas também sem ter contactado com estes.
Lusa/Fim