Melania Trump: “A primeira dama mais invulgar da história moderna”
Free, Melania, a biografia não autorizada de Melania Trump, sai em Dezembro nos EUA. A autora é Kate Bennett, correspondente da CNN na Ala Leste da Casa Branca.
Se o documentário da CNN Woman of Mystery: Melania Trump, emitido em Abril, serve de indicador, Free, Melania, a biografia não autorizada que Kate Bennett, a correspondente do canal de notícias na Ala Leste da Casa Branca, irá publicar a 3 de Dezembro, nos Estados Unidos, estará muito centrada na ideia de que a primeira-dama norte-americana é mais do que aquilo que deixa transparecer.
Antiga editora de moda, Bennett cobre as actividades da primeira-dama dos EUA desde 2017 e muitas vezes tem defendido a tese que a antiga modelo, nascida na Eslovénia em 1970, é muito mais do uma mulher-troféu.
Para a jornalista da CNN, Melania Trump é “a primeira-dama mais invulgar da história moderna”, alinhando na teoria do colunista do New York Times Frank Bruni – que surge a falar no documentário e, muito provavelmente, virá citado no livro – de que a mulher de Donald Trump poderá mesmo vir a ser a “a melhor primeira-dama” da história dos EUA.
Uma teoria que tem, no entanto, poucas bases de sustentação. Na sua coluna no NYTimes, Bruni fala da campanha contra o cyberbullying (Be Best) e a sua viagem sozinha a África como afirmações políticas de distanciamento do marido, um Presidente conhecido pela sua agressividade nas redes sociais e por comentários pouco dignificantes sobre os países africanos.
“Está cada mais próxima de mostrar publicamente o seu desprezo por ele. Encontra formas cada vez mais inteligentes de o mostrar. Num casamento perfeito entre patriotismo e vingança por todas as humilhações que ele a fez passar”, escrevia o colunista em Agosto do ano passado.
Essas pistas parecem menos óbvias um ano depois. Porque como se explica então aquela fotografia do casal presidencial com a bebé que ficou órfã no tiroteio de El Paso? Donald Trump sorri, Melania parece feliz, a criança demasiado pequena para entender que perdeu os pais para um supremacista branco que se sentiu incentivado pelo clima de ódio que o Presidente dos EUA alimenta nas redes sociais e nos seus discursos.
Bennett entrevistou pessoas importantes da Administração norte-americana, como Stephanie Grisham, na altura secretária de imprensa da primeira-dama e actualmente secretária de imprensa da Casa Branca, e Kellyanne Conway, conselheira do chefe de Estado.
Dessas conversas e de outras, emerge uma ideia: a de uma Melania Trump discreta, que não fala, não diz nada, que se interessa menos por aquilo que as pessoas pensam que as suas antecessoras, que se isolou na Ala Leste para fugir ao caos da Casa Branca. Uma pessoa que valoriza a privacidade e faz tudo para manter o filho longe da imprensa e do bulício da política.
Uma primeira-dama com menos recursos que as suas antecessoras para pôr em prática projectos próprios (apenas 12 pessoas trabalham no seu gabinete, quando Michelle Obama tinha 25 a 30 pessoas a trabalhar com ela e a equipa de Laura Bush era composta por 20 membros) e que, por isso, não consegue abalar a percepção generalizada do público de que não faz muita coisa.
Woody Harrelson revelou na semana passada a história de um jantar, em 2002, com Trump, Melania e o então governador do Minnesota Jesse Ventura. O milionário queria sondar o antigo lutador de wrestling para ser o seu candidato a vice-presidente na corrida à Casa Branca de 2004. Dizia o actor que nas duas horas e meia que durou o jantar, Melania falou 0,1% do tempo, enquanto o então namorado transformou a conversa num longo monólogo.
Bennett, como outros, acha que Melania fala mais por gestos e pelo guarda-roupa que por palavras, citando, como exemplos, as decisões de visitar sem o marido a fronteira com o México (embora tenha falado sobre a política de separação das crianças dos pais na fronteira) e a chegada sozinha ao Congresso para o discurso sobre o Estado da União, numa altura em que se falava do caso de Donald Trump com a estrela porno Stormy Daniel. E, ainda por cima, apareceu vestida de branco, como as congressistas democratas que lembravam as sufragistas a um chefe de Estado conhecido pelas suas palavras e atitudes misóginas.