UNESCO distingue Xanana Gusmão com Prémio Félix Houphouët-Boigny

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A distinção foi atribuída a Xanana pelo seu "combate a favor da dignidade humana" Paulo Novais/Lusa

Ao anunciar a escolha do júri — composto por juristas, antigos chefes de Estado e laureados com o Prémio Nobel da Paz —, Kissinger declarou que o prémio foi atribuído ao Presidente de Timor-Leste "pelo seu combate a favor da dignidade humana e pela sua conduta, que contribui para elevar o espírito humano, não apenas na sua região, mas em todo o mundo".

Por ironia do destino, Kissinger era, em 1975, secretário de Estado norte-americano, tendo estado em Jacarta (juntamente com o então Presidente Gerald Ford) horas antes da invasão de Timor-Leste, dando luz verde ao Presidente Suharto para que avançasse sobre a ex-colónia portuguesa, na altura envolvida numa violenta guerra civil.

Por seu lado, Mário Soares, antigo Presidente português e membro do júri, felicitou-se com esta "boa escolha", que vem recompensar "uma personalidade de excepção, quer pelo seu humanismo, quer pelo seu pacifismo".

Preso durante sete anos em Jacarta, o herói da resistência timorense foi eleito este ano Presidente da jovem nação, novamente independente desde 20 de Maio, tendo assumido os desafios de promover a reconciliação nacional e reconstruir a economia nacional.

A data da cerimónia de entrega do prémio - 122 mil euros - não tem ainda data marcada, uma vez que irá depender da agenda do chefe de Estado timorense, actualmente em visita oficial a Portugal.

O Prémio Félix Houphouët-Boigny, criado em 1989 e atribuído anualmente pela UNESCO, propõe-se distinguir personalidades, instituições ou organizações que tenham contribuído de forma significativa para a promoção, busca, salvaguarda e manutenção da paz, em respeito pela Carta das Nações Unidas e pelo Acto Constitutivo da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura.

Entre os laureados deste prémio contam-se personalidades como Nelson Mandela e Frederik de Klerk (1991), a ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Refugiados Sadako Ogata (1995) ou o ex-Presidente norte-americano Jimmy Carter (1994). Tendo em conta os acontecimentos do 11 de Setembro nos EUA, o prémio não foi atribuído em 2001.

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