Lucro da Apple recua arrastado pela descida nas vendas do iPhone

Pela primeira vez em seis anos, o telemóvel representou menos de metade das receitas. Os serviços online ganharam peso.

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As vendas do iPhone já viram dias melhores Thomas Peter/Reuters

Os tempos do iPhone como jóia da coroa da Apple não acabaram. Mas estão a perder brilho.

As vendas do telemóvel continuam a descer, levando a uma quebra dos lucros da empresa, que durante anos habituou o mercado a números em crescendo. No segundo trimestre deste ano, a Apple facturou 53,8 mil milhões de dólares (48,3 mil milhões de euros), mais 1% do que nos mesmos meses de 2018. Porém, os lucros caíram 13%, para dez mil milhões de dólares.

As contas agora apresentadas mostram um negócio que começa a assentar menos no iPhone e que se desvia para os serviços online em que a empresa tem apostado, o que inclui serviços de streaming de música, de filmes e de séries, a venda de revistas digitais e uma nova plataforma de videojogos.

O iPhone gerou receitas de 26 mil milhões de dólares, uma descida de 12%, passando a representar menos de metade da facturação. O telemóvel já chegou a ser responsável por cerca de dois terços das receitas e esta é a primeira vez desde 2013 que não atinge os 50%.

Já as receitas com os serviços cresceram 13%, para os 11,5 mil milhões de dólares.

As vendas de acessórios, do relógio Apple Watch e de dispositivos como as colunas inteligentes HomePod (que a Apple agrega numa única categoria na demonstração de resultados) dispararam 48%, para os 5,5 mil milhões de dólares. É um valor que fica um pouco acima das vendas de iPads e ligeiramente abaixo das vendas de computadores Mac.

A descida do iPhone acontece numa altura em que o mercado de smartphones está em queda. No primeiro trimestre do ano, a procura global por estes telemóveis caiu 7%, continuando a tendência iniciada em 2018, segundo dados da analista IDC.

A líder, Samsung, também tem visto as vendas a abrandar. Mas a Huawei – que há um ano retirou à Apple o segundo lugar na tabela de fabricantes – continua a ser a excepção. Esta semana, a multinacional chinesa comunicou um aumento de 24% nas vendas dos seus telemóveis.

Nos últimos meses, a Huawei foi pressionada pelas sanções dos EUA, que, a partir de 19 de Agosto, impedirão as empresas americanas de fazer negócios com a fabricante chinesa, o que significa que futuros produtos poderão não ter o sistema operativo Android, bem como a loja de aplicações da Google e aplicações consideradas fundamentais por muitos consumidores, como o Facebook e o WhatsApp. Porém, a empresa, que se tem desdobrado em esforços para tranquilizar os clientes, está a trabalhar em alternativas, ao mesmo tempo que aguarda um desfecho das disputas comerciais entre os EUA e a China que possa trazer o fim das sanções.

Alguns analistas já tinham previsto que as vendas da Huawei seriam impulsionadas no curto prazo pelas sanções americanas, com os retalhistas a tentarem escoar o stock de aparelhos da marca.

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