Micro-retrato de um “país corrente de ar” pela vida de duas freguesias

Há os que vêm, os que partem e os que ficam. Emigração, fronteira, uma identidade que nunca deixa de se tecer. Na união de freguesias de Prado e Remoães, em Melgaço, vê-se o reflexo de Portugal. Um país onde nada é cristalino. E onde a geografia anda muitas vezes com os pés no ar. Pequena viagem por territórios fronteiriços a propósito do Festival Internacional de Documentário de Melgaço

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Os irmãos Kelly e Teresa Ledezma trabalham saíram da Venezuela e trabalham numa queijaria em Melgaço

Quando Teresa Ledezma conheceu um português pela internet a vida dela era toda incerteza. Estava no Panamá há cerca de um ano, fugida de uma Venezuela em estado de sítio, e do outro lado do oceano aparecia uma inesperada oportunidade de uma renovada biografia na desconhecida freguesia de Prado, concelho de Melgaço. “Perguntou-me se queria vir para cá”, conta a venezuelana, “foi tudo lindo e belo”. O sorriso tímido de Teresa é amparado pela energia do irmão Kelly. A história de amor luso-venezuelana era a possibilidade de saída de um labirinto do qual toda a família ansiava escapar. “Disse-lhe logo para aceitar.” Ela seguiu o conselho. E, depois disso, também Kelly conseguiu fazer a viagem para Portugal a partir do Chile. Juntos, e com a ajuda dos patrões, os irmãos conseguiram “salvar” a filha de Teresa, com quem não estava há três anos, e a mãe. O pai morreu a 15 dias da partida. A irmã mais velha ainda está na Venezuela com o marido, incapaz de arranjar passaporte para o bebé de um ano. 

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