Monitorizar lixo espacial a partir da Madeira vai custar 1,5 milhões

O investimento é do Ministério da Defesa. O Observatório Óptico do Pico do Areeiro deverá estar operacional a partir de 2020.

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Gomes Cravinho assinou protocolo com Governo Regional da Madeira LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

O Ministério da Defesa Nacional vai investir 1,5 milhões de euros na instalação do Observatório Óptico do Pico do Areeiro, ilha da Madeira, no âmbito do projecto europeu de monitorização do lixo espacial, anunciou nesta quarta-feira o ministro João Gomes Cravinho.

“O lixo espacial representa um perigo potencial para as nossas populações e, portanto, precisa de ser monitorado, os objectos que circulam no espaço precisam de ser caracterizados e identificados e a sua trajectória precisa de ser controlada”, disse o governante, no Funchal.

João Gomes Cravinho assinou um acordo de cooperação com o Governo da Madeira, no âmbito do Projecto Space Survaillance and Tracking (Projeto SST), um consórcio europeu que tem por objectivo monitorizar o lixo espacial mediante observação contínua de pontos estratégicos e tratamento permanente dos dados de observação.

“Prevemos investimentos na ordem de 1,5 milhões de euros em 2019 e 2020, eventualmente reforçável em 2020”, disse, realçando que o Observatório Ótico do Pico do Areeiro, um dos pontos mais altos da ilha (1.818 metros), deverá estar operacional a partir de 2020.

A estrutura inclui a instalação de dois telescópios em duas pequenas áreas, com cerca de 10 metros quadrados cada, e as autoridades garantem que estão “identificadas e acauteladas” diversas medidas de “mitigação ambiental”, no sentido de salvaguardar o ecossistema local, onde nidifica a freira da Madeira, uma ave marinha protegida.

“A Madeira representa para o nosso país uma mais-valia muito significativa em termos geoestratégicos, quer seja pela plataforma continental, quer seja também, como verificamos hoje, devido às novas dimensões da defesa”, afirmou o ministro, sublinhando que Portugal é um “país privilegiado” por contar com os arquipélagos da Madeira e dos Açores.

João Gomes Cravinho destacou, por outro lado, a importância do Projeto SST como fomento de conhecimentos tecnológicos para a região autónoma e potenciador da economia nacional.

“Representa para Portugal um importante acréscimo na nossa capacidade de observação do espaço, sendo que a nossa expectativa é que o espaço seja uma fronteira nova também para a nossa indústria, para a nossa capacidade de participação numa área que vai ter cada vez mais importância no futuro”, declarou.

João Gomes Cravinho explicou, ainda, a ausência de representantes do Ministério da Ciência e da Agência Espacial Portuguesa na assinatura do acordo com o Governo da Madeira, dizendo que o parceiro nacional do consórcio europeu é apenas o Ministério da Defesa.

O presidente do executivo regional, Miguel Albuquerque, salientou, por seu lado, a importância do Projecto Space Surveillance and Tracking, afirmando que a região autónoma está sempre disposta a “assumir as suas responsabilidades” no quadro da defesa nacional e dos acordos de cooperação com a União Europeia e com a NATO.