Maternidade de Portimão “sem os mínimos obrigatórios” em 30 dias nos meses de Verão

Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve garante que está a tentar “colmatar estas lacunas” e “reduzir esses dias” com falta de pediatras.

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Nelson Garrido

Se o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) não colmatar em breve a falta de pediatras na maternidade de Portimão, que resulta em turnos de 24 horas sem a presença de um médico dessa especialidade na escala de serviço, as grávidas que aí se dirijam terão de ser encaminhadas para outras unidades. Foi o que aconteceu na noite de sábado para domingo, quando uma parturiente com um início de descolamento da placenta foi transportada para Faro.

Na véspera, também à noite, na unidade de Faro, uma grávida de 28 semanas que entrara em trabalho de parto não foi admitida, porque todas as incubadoras estavam ocupadas. No CHUA, a maternidade de Faro é a que presta cuidados neonatais diferenciados. A grávida foi então transportada para o Hospital de Évora, onde deu à luz o bebé prematuro. Assim que a situação da mãe e do filho estiver estabilizada, e assim que seja possível, darão entrada na maternidade de Faro, da sua área de residência, disse ao PÚBLICO a presidente do Conselho de Administração do CHUA, Ana Paula Gonçalves.

Incubadoras ocupadas

Um episódio não está relacionado com o outro. Explica Ana Paula Gonçalves que a transferência para Évora “não se deveu a falta de recursos humanos”, mas sim ao facto de se tratar de um bebé prematuro que não podia ficar em Faro porque àquela hora “as incubadoras estavam todas cheias”. Apesar dos 227 quilómetros entre Faro e Évora, “considerou-se mais adequado e mais prudente, para a mãe e para a criança, serem transportadas para Évora”. 

A responsável admitiu contudo a existência de “dias” em que não há pediatras na escala de serviço de Portimão. Mas não confirmou quantos serão, e se serão 33 no total, como informou ao PÚBLICO João Dias, secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM): 11 dias em Julho, 10 dias em Agosto e 12 em Setembro. Era este o panorama previsto no final da semana passada, esclareceu o dirigente sindical por telefone. Nesses dias, acrescentou, não pode haver partos em Portimão. “Os bombeiros e o INEM são, ou devem ser, informados que devem ir directamente para Faro.”

“Estamos a trabalhar para reduzir esses dias [sem pediatras em Portimão]”, garante Ana Paula Gonçalves. A administração do CHUA, acrescenta a responsável, está a tentar “encontrar pessoas que ajudem a colmatar estas lacunas”. De que forma? “Através de diversos meios com protocolos de articulação” – algo que envolverá as administrações regionais de saúde.

Em Portimão, continuará no entanto a haver uma escala de obstetras de serviço, e um pediatra de prevenção, para os casos em que as grávidas não possam ser transferidas, diz João Dias. Nestas unidades, “quando há emergências, são emergências que têm de ser resolvidas de imediato, em relação [por exemplo] à reanimação dos bebés”, descreve. “Não se pretende criar alarmismos”, mas alertar a tutela de que estas são situações de “alto risco”. “São necessários dois pediatras por cada turno para a maternidade para se conseguir formar a escala. São os mínimos obrigatórios. De outra forma, os partos não podem ocorrer.”

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